terça-feira, 10 de abril de 2018

Síntese da semana que se passou

Divulgando...


ROSÁRIO SER: Repassando

Carta enviada ao Presidente Lula por ocasião das manifestações de Porto Alegre. Achei importante divulgá-la agora, diante do recrudescimento das agressões: “Se nos calarmos as pedras gritarão!”
Leador Machado -Juiz do Trabalho(leadormachado@gmail.com).

Presidente Lula, hoje sou juiz do trabalho, mas já fui metalúrgico, especificamente torneiro mecânico, sua profissão. Entre 1977 e 1979 eu estudava mecânica geral no Senai. Após terminar o curso, passei a trabalhar como torneiro na Metalúrgica São Jorge, em Gama-DF. Nesse mesmo período o senhor enfrentava os patrões e a ditadura nas mobilizações dos trabalhadores no ABC paulista. Recebia informações do movimento de resistência do ABC através do jornal “O São Paulo” da arquidiocese dirigida pelo saudoso Dom Paulo Evaristo Arns, pois eu era ativo na Pastoral da Juventude também.

Vendo tua experiência e tua luta resolvi ingressar no movimento social e participei da organização de associações de moradores e do PT da minha cidade, participando de todas as lutas a partir de então, especialmente da campanha das diretas já, da constituinte e da sua eufórica campanha de 1989. Percebendo que, tanto na associação de moradores quanto no partido, sempre que precisávamos de advogado, tinha que ir atrás de favores, resolvi me preparar para tentar vestibular e fazer curso de direito. Nessa época já era servidor público, técnico em radiologia. Terminei o curso em 1993 e trabalhei como advogado Trabalhista e para o PT, na condição de militante, como advogado nas eleições a partir de 1994. Nesse ano, Como ganhamos a eleição no DF, trabalhei na câmara legislativa e na direção secretaria de saúde. Ao perdermos a eleição em 1998 voltei para o cargo técnico, montei um escritório e foi eleito presidente do PT da minha cidade. Foram tempos difíceis pois a derrota no governo nos deixou muito fragilizados. Mas reerguemos o partido. Na sequência, para a eleição seguinte, eu percebia uma política de alianças que, a meu sentir, não atendia aos princípios partidários que entendia deveriam prevalecer. Comecei a me afastar, mas ainda advoguei na tua eleição em 2002. Sai do partido sem ter tido a honra de conhecê-lo pessoalmente.

Nessa época já tinha decidido estudar para fazer concurso para juiz. Pensava que se um metalúrgico, imigrante nordestino, pobre, filhos de gente simples, conseguiu ser presidente eu conseguiria ser juiz.

O ambiente experimentado era de liberdade e democracia. As possibilidades se abriram. O acesso à universidade e aos cargos se fizeram de forma mais transparente. Já não tinha tanta importância sua origem social. Os preconceitos não eram tantos, ou estavam adormecidos. Enfrentei alguns mas não tenho dúvida que esse ambiente me favoreceu. Ingressei na magistratura Trabalhista em 2006 por concurso público e agradeço-lhe por isso.

O que está transparecendo hoje é que essa movimentação social não agradou à classe média desse país que passou a ter mais concorrência e não agradou à elite, pois os trabalhadores já não sabiam mais onde era o seu lugar e nem quais eram as obrigações. A casa grande e seus sabujos sentiram-se ameaçados. A mídia oligopólica e golpista fez o trabalho sujo.

Tenho convicção de que esse foi o grande crime que cometestes. O resto é pretexto. Não vou comentar as decisões que te condenaram por que já existem comentários de juristas e acadêmicos de renome que tornam o meu desnecessário. Mas não precisa ser jurista para concluir que não tem prova de ato criminoso ou de qualquer relação de vossa excelência com o imóvel no processo que te condenaram. Uma grande injustiça está sendo cometida e voltará como um bumerangue em quem o lançou.
Desde a estrada entre Porto Alegre e Tocantins, para onde me desloquei de moto para participar das manifestações pela democracia e contra perseguição à vossa excelência, concluo, Presidente Lula, dizendo que, hoje, tenho muito, mais muito orgulho mesmo, de ter iniciado minha vida profissional como torneiro mecânico. Já não tenho tanto orgulho assim, diante do atual comportamento do Poder Judiciário, de estar a terminando como magistrado.

Me recordo de uma frase que dissestes uma vez em Brasília: “filho de pobre não tem vocação, vai sendo aquilo que a vida permite que ele seja”. A vida até agora foi generosa conosco. Não sei se será tanto com nossos filhos e netos.
Tenho certeza, todavia, Presidente Lula, que teu martírio importará no surgimento de milhões de Lulas. Que as forças positivas do universo te protejam e o que o povo brasileiro saiba demonstrar sua indignação diante desse quadro bárbaro e insano. “Se nos calarmos, as pedras falarão.” (D. P. Casaldaliga).
Santa Catarina, 30.01.2018
Leador Machado - Juiz do Trabalho em Araguaína -TO.

leadormachado@gmail.com

Carta escrita por nosso companheiro, ex SERPAJ, hoje juiz do trabalho, Leador Machado.

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