sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nossa solidariedade ao senador Roberto Requião!

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Nossa solidariedade ao senador Roberto Requião!

O anunciado pedido de expulsão do senador Requião do PMDB – anunciado pela revista Veja: http://veja.abril.com.br/blog/radar/juca-trabalha-para-expulsar-requiao-e-katia-abreu-do-pmdb/ - concretizou-se. Trata-se de um acinte, de um escárnio, de uma inominável agressão. Não ao senador Requião apenas, à sua história de homem público reto, probo, determinado, corajoso, cuja biografia é um testemunho de amor pelo Brasil e pelo nosso povo. É uma agressão à Nação e à política como ferramenta e arte de viabilizar a convivência pacífica na sociedade e de realizar o bem comum.

O pedido de expulsão de Requião é, mais que tudo, um sintoma da degenerescência do PMDB e de sua captura pelo capital financeiro globalizado, que através do governo de Michel Temer busca impor ao Brasil uma inaceitável e humilhante servidão, com a destruição do Estado Social, que a Constituição Cidadã alberga e institui, e a consequente degradação das condições de vida do nosso povo, com a entrega das nossas riquezas, do nosso petróleo, das nossas terras para a livre exploração estrangeira, com o enfraquecimento das nossas Forças Armadas, com o empobrecimento e miserabilização de milhões de famílias. Requião é hoje um herói da resistência, um dos útlimos representantes de uma estirpe de políticos decentes, uma das poucas esperanças de recuperação do sentimento de orgulho nacional, através de um governo nacionalista, democrático e popular, um governo que coloque o país nos trilhos do desenvolvimento da indústria, do comércio, do emprego, da inclusão social, da integração definitiva com a América Latina e da inserção soberana na economia mundial e no concerto das Nações.

Diante da absurda agressão, Requião discursou no Plenário do Senado: 

“Eu sou fundador do PMDB do Paraná, sou o filiado número 1 no Paraná e atualmente sou presidente do Diretório Estadual. Sou do velho MDB de Guerra. Sou do PMDB do Ulisses Guimarães que tinha como princípio não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem rouba. Eu sou do PMDB nacionalista e desenvolvimentista, do PMDB do documento ‘Esperanca e Mudança’. Eu sou PMDB com projeto nacional, do PMDB da seriedade. É evidente que eu não sou do PMDB da “Ponte para o futuro”, documento redigido por funcionários de bancos, por pessoas totalmente desligadas do Partido. E eu não sou desse grupo que, eventualmente no comando do meu Partido, está vialibilizando a sua desmoralização total no Brasil. Pesquisas de opinião mostram que o PMDB hoje tem 1% de apoio popular. E eu estou tentando, num esforço enorme, ressuscitar o velho MDB de Guerra. Se caráter custa caro, pago o preço! É o momento do PMDB dizer a mim, aos velhos peemedebistas, aos desenvolvimentistas, aos nacionalistas, se a base existe ou se o Partido se transformou numa confederação de políticos ou presos ou com tornozeleiras!” (https://www.youtube.com/watch?v=ogJ1JYKqyHE)

Requião, receba a nossa solidariedade, o nosso apoio, a nossa admiração! Fique firme, como sempre esteve. Firme do lado do povo. Você é maior do que os que te atacam. Neste mar tormentoso, nesta gigantesca crise que ameaça avassalar a Nação, nesta triste quadra histórica em que entreguistas e pusilânimes tomaram de assalto o governo, o Brasil, mais do que nunca, precisa de você! Conte conosco!

Brasil, agosto de 2017

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Venezuela: uma análise!

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Por quê a Venezuela aparece todos os dias no noticiário? 

Por João Batista Damasceno

Porque tem um "ditador" no poder? 
Não - há diversos ditadores no mundo
ex: Camboja, Camarões, Chad, China, etc
PS: Em nenhum deles o "ditador" foi eleito democraticamente...

Porque está a beira do descalabro? 
Não - há vários outros países a beira do colapso. 
ex: Mauritânia, Argelia, Etiopia, Nigéria, etc.

Porque há pessoas morrendo de fome? 
Não - há inúmeros outros países com muitíssimo mais gente morrendo de fome. 
ex: Burundi, Eritrea, Comoros, Sudão, etc.

Por causa da suposta violência com que trata os seus opositores?
Oras, a Arabia Saudita acabou de decapitar 14 opositores, sem que houvesse o menor ruido, na mídia.
http://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-chacra/por-que-arabia-saudita-nao-sofre-sancoes-por-decapitar-opositores/

Ademais, a oposição contra Maduro tem assassinado apoiadores do governo, queimando-os vivos, e a mídia também parece não se importar com esse fato.
Mais de 23 pessoas que apoiavam o governo Maduro já tiveram esse mesmo fim, DESDE ABRIL.
http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/07/22/venezuela-el-fascismo-ha-quemado-vivas-al-menos-23-personas/
Acredito que esse ítem também possa ser ignorado.

Porque é de ideologia esquerdista/socialista? 
Não - há diversos países com ideologia de esquerda.. 
ex: China, Cuba, Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, etc.
PS: Não confunda "ideologia de esquerda" com "totalitarismo" ou "comunismo" ou "socialismo científico", por favor. 
Um país pode ser capitalista, tendo práticas comuns advindas dos ideais socialistas, como distribuição de renda, saúde e educação públicas, proteção ao trabalhador, igualdade de gênero, igualitarismo social, e outras práticas de bem-estar social.

Porque é nosso vizinho?
E o problema de Cocaina, entre Brasil e Colômbia? 
E os problemas de nacionalização de gás natural, entre Brasil e Bolívia? 
E os problemas energéticos da Itaipu Binacional, entre Brasil e Paraguai?
E os problemas ambientais com a implantação de indústrias de celulose no Rio Uruguai, entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai?
E os problemas de demarcação de fronteiras entre o Brasil, a Guiana e o Suriname, Peru e Equador?
E os problemas de saída para o mar, entre Chile e Bolívia?

Mas então, qual é o motivo pelo qual a Venezuela vive no noticiário? 

Porque é o país que possui a maior reserva de Petróleo do mundo, e os Estados Unidos, responsáveis pela propaganda mundial antivenezuelana, estão somente esperando para que trouxas, como nós, forneçam o aval mundial para que o país possa ser, finalmente, invadido pelos EUA, através de um procedimento idêntico ao feito com o Iraque, como feito como a Líbia, com a Síria, etc... 
http://exame.abril.com.br/economia/estes -10-paises-tem-as-maiores-reservas-de-petroleo-no-mundo/

Pra quem tem boa memória, os EUA fizeram uma campanha maciça, por anos, contra a Líbia, Iraque, Síria e Irã.
Os 3 primeiros foram invadidos e/ou bombardeados, e seus governos legítimos foram trocados por marionetes submissas aos EUA.
Siria ainda não sucumbiu, graças a Russia. 
Quanto ao Irã, esse país somente não foi invadido, pois conseguiu criar, a tempo, a tecnologia nuclear necessária para retaliar os americanos, caso os mesmos insistissem em invadi-los (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150714_iraeuaacordo_ebc). 

Para a invasão estadunidense contra os venezuelanos, os EUA preparam seus soldados, na fronteira com o país:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39802863

Para combater o exército venezuelano, veículos blindados, supostamente "doados" ao Brasil, que desembarcaram no país há poucos meses:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/10/exercito-ganha-dos-eua-em-doacao-50-blindados-de-guerra-usados.html

Claro que não devemos excluir o fato da imprensa brasileira, largamente comprada e financiada pelo Governo Temer, necessitar de um bode expiatório para redirecionar as atenções do povo brasileiro, que cai, como patinho, nesse engodo, esquecendo em sua totalidade, por exemplo, a absolvição de Temer na última quarta-feira...

Existe também um fator muito importante: associar a violência e o descalabro social e político venezuelano com o PT.
Com o Lula liderando com folga as pesquisas de opinião para o pleito de 2018, a mídia brasileira, bem como os partidos de direita e centro-direita (PSDB, PTB, DEM, etc) estão desesperados em difamar o PT/Lula com esse problema geopolítico. 
Para eles, fazer a conexão entre "Venezuela" e "PT", agora, caiu como uma luva.

Mais reflexões sobre a "escola sem partido".

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sábado, 12 de agosto de 2017

O que a imprensa não divulga...

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O que a imprensa não divulga
O que a imprensa não divulga: Você acha que o ovo foi gratuito? Nada disso! Houve no ato agressões à população que se manifestava! Leia o esclarecimento a seguir!

O prefeito de São Paulo acusou a vereadora do PCdoB de ter organizado a “ovada de que foi alvo”. Não é verdade. O ato realizado na noite do dia 07/08 foi organizado formalmente pela Frente Brasil Popular da Bahia, com convocatória amplamente difundida nas redes sociais, e conduzido na oportunidade por membros da coordenação da referida Frente.

A manifestação tinha objetivo claramente definido: protestar contra a entrega do título de cidadão soteropolitano a uma pessoa que não tem nenhum serviço prestado à cidade, o que se exige para o recebimento dessa homenagem. E durante o ato foi repetido seguidas vezes que aquele que manda despejar jatos de água fria em moradores de rua, que manda  derrubar casarões com pessoas pobres dentro, que manda invadir ocupações com espancamento de mulheres, idosos e crianças, não merece tamanha honraria. Foi lembrado também que Dória, quando presidente da Embratur,  no governo Sarney,  propôs transformar a miséria do nordeste em atração turística – um verdadeiro escárnio contra a povo da região.

É necessário esclarecer a opinião pública o que até agora não foi divulgado. A tal “ovada” que atingiu o prefeito não foi uma iniciativa que veio do nada. Enquanto acontecia a manifestação de maneira pacífica,  cerca de 60 capangas contratados pelo prefeito ACM Neto (da mesma tradição do avô) receberam ordens para invadir a área dos manifestantes para  tomarem na marra o Nano Trio (uma minitrio elétrico) trazido pela Frente Brasil Popular. Neste momento dezenas de jovens, mulheres e idosos foram covardemente espancados pelos prepostos do prefeito, tendo um deles quebrado a perna. E essa milícia particular soltou bombas, gases, socos e pontapés, provocando um verdadeiro terror, típico dos períodos da ditadura. Foi aí que surgiu  espontaneamente de alguns manifestantes a iniciativa de revidar jogando ovos, um dos quais atingiu o prefeito que veio fazer campanha eleitoral quando deveria estar trabalhando.

Registramos nosso repúdio ao prefeito de Salvador pela violência característica de seus métodos de fazer política e as bravatas de Dória contra nossa a vereadora. Aladilce tem um mandato a serviço dos trabalhadores, contra a venda da cidade a interesses empresariais patrocinada por ACM Neto  e em defesa da democracia.  Portanto conta com nossa integral solidariedade.

Comitê Municipal e Estadual do PCdoB de Salvador 

Salvador, 08/08/2017

Nota sobre a educação.

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NOTA PÚBLICA DA CNTE

O fim do PNE - Plano Nacional de Educação é mais uma consequência do golpe!!

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de trabalhadores das escolas públicas brasileiras de nível básico, torna público o seu repúdio a mais um ataque aos direitos do povo brasileiro: em nome do “equilíbrio fiscal” do país, o governo golpista de Temer enterra de vez o PNE, ao vetar as suas prioridades no cumprimento das metas no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO de 2018.
A LDO, que orienta os gastos do governo para o ano, foi aprovada pelo Congresso Nacional ainda no mês de julho e, ao ser enviada para a sanção governamental, recebeu inúmeros vetos para ser publicada no Diário Oficial no dia de ontem (09/08). E não só a educação foi fortemente prejudicada! Dispositivos que previam o gasto mínimo em saúde com referência ao crescimento populacional também foram vetados, além da previsão de realização de uma auditoria da dívida pública por parte da sociedade civil, ação prevista pelo Ministério do Planejamento. Aliás, o pagamento dos juros da dívida é a única coisa intocável por este governo golpista, usurpador da democracia e corrupto: para “equilibrar as contas públicas”, cortam-se direitos do povo, mas não se mexe em nenhum centavo dos recursos bilionários que enriquecem os bancos e rentistas deste país. Afinal, eles não financiaram o golpe para isso!
No âmbito da educação, o veto presidencial da LDO atinge diretamente a alocação de recursos orçamentários para a implantação do Custo Aluno Qualidade Inicial – CAQi, prevista no texto aprovado pelos parlamentares em função de sua inscrição na estratégia 20.6, da meta 20 do PNE, que trata sobre o financiamento do sistema educacional brasileiro. O achaque maior dessa medida é que, em que pese a lei orçamentária ser uma estimativa de gasto – o que quer dizer que nem tudo que está na lei orçamentária deva ser, obrigatoriamente, cumprido pelos governos, mas apenas se constituir em uma agenda para os gastos públicos -, o veto a essa previsão de gasto explicita e evidencia o desprezo deste governo pela educação pública. Definitivamente, esses vetos sinalizam que nem mesmo para escamotear a prioridade das áreas sociais esse governo se presta. É a vitória escancarada do rentismo! É a subjugação definitiva do Estado aos ditames do mercado!
Os educadores brasileiros se colocam na linha de frente da defesa de uma educação pública, de boa qualidade e socialmente referenciada e, a cada dia que passa, não toleram o martírio que representa este governo ao povo brasileiro! É preciso dar um basta a tanta desfaçatez!! O povo reagirá à altura!! E fiquemos certos que os trabalhadores em educação são protagonistas na luta contra este governo ilegítimo. Só a tomada das ruas destituirá os golpistas e, quando isso acontecer, estes mesmos devem ser responsabilizados pela tragédia social a que estão submetendo o país!



Brasília, 10 de agosto de 2017
Direção Executiva da CNTE
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Servidor Público: Um Desabafo.

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Desabafo dos Servidores Públicos!!!

Falta café, a gente compra.
Falta açúcar, a gente compra.
Falta água, a gente compra.
Falta material de papelaria, luva, material para desenvolver projeto, a gente compra.
A gente se une e não deixa a peteca e NEM O SERVIÇO cair. Faz tantas e tantas coisas!!! Até levar VENTILADOR de casa para não permanecer em uma situação insalubre!
Como servidor público NUNCA roubei nada.
Ganhei o que trabalhei e muitas vezes trabalhei muito mais do que ganhei....muitas vezes ajudei levando meu equipamento na realização de um projeto por falta de verbas, portanto dar a César o que é de César !
Muito duro ver campanha na mídia desmoralizando o servidor público
Não são os salários dos servidores públicos concursados e contribuintes que quebram a Previdência, nem é o servidor público que quebra as finanças de um ente público.
A quebra da Previdência e das finanças públicas é resultado de muita corrupção, que desvia os recursos públicos para atender a interesses privados de um pequeno grupo.
O problema não está no funcionalismo público, mas sim nas decisões inconsequentes que o congresso tem tomado, aprovando PECs e Reformas irresponsáveis, as quais furtam direitos sociais conquistados pelo povo através de muita luta e debate.
O discurso oficial prega que o servidor público é um peso pro Brasil, que as políticas sociais são um peso para o Brasil, que o trabalhador tem muitas "regalias" e isso é um peso para o Brasil.
Estão maquiando com mentiras a verdade, colocando a população contra o servidor.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Lula rumo a 2018

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 Lula cresce mesmo após caçada judicial e vence fácil em 2018, aponta Vox
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/310015/Lula-cresce-mesmo-ap%C3%B3s-ca%C3%A7ada-judicial-e-vence-f%C3%A1cil-em-2018-aponta-Vox.htm

Uma reflexão sobre Educação Libertadora...

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CONTRA O QUE? EM NOME DO QUE?
            Às vezes é muito difícil falar sobre ideias que deram origem ao Método Paulo Freire, porque elas são muito simples e algumas pessoas precisam complicá-las.
            Na verdade Paulo Freire não tem sequer uma teoria pedagógica definitiva. Ele tem um afeto e a sua prática. Por isso fica difícil teorizar a seu respeito, sem viver a prática que é o sentido desse afeto. Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito, quando se parte da vivência da prática do compromisso que tem sido, mais do que sua teoria, a sua crença.
            Como discutir com os termos complicados da ciência um educador cuja ideia-chave é o amor? Procure, leitor, folhear de alma limpa os escritos dele. Aos olhos ferozes dos tecnocratas do poder e da educação, pode ser que tudo aquilo não passe de uma espécie de poesia pedagógica, tão edificante quanto inviável. E aos seus olhos?
            Coisas simples. Paulo Freire acredita que o dado fundamental das relações de todas as coisas no Mundo é o diálogo. O diálogo é o sentimento do amor tornado ação. As trocas entre o homem e a natureza são originalmente regidas pelo diálogo. Paulo Freire pernambucanamente fala mesmo de “diálogo do homem com a natureza”. Isto quer dizer que as coisas que existem no mundo, da terra ao trigo, são dadas ao homem. Elas existem para ele e se oferecem ao homem para serem dominadas por ele. Para serem amorosamente transformadas e significadas pelo homem e para ele. O homem responde à dádiva da natureza com o ato do trabalho. O trabalho do homem é a sua parte no diálogo que deveria ser o fundamento de todos os outros atos humanos. Com o trabalho livre e solidário sobre a natureza, o homem cria a sua cultura, transforma o mundo, faz história e dá sentido à vida.
            Em si mesmas, as relações entre os homens não são mais do que um outro momento de um mesmo diálogo. Do mesmo modo como o homem depende da natureza para sobreviver e a natureza depende do homem para ter sentido, os homens dependem uns dos outros para sobreviverem e darem sentido ao mundo e a si mesmos. Por isso mesmo, o diálogo não é só uma qualidade do modo humano de existir e agir. Ele é a condição deste modo e é o que torna humano o homem que o vive.
            O trabalho não é uma relação entre o homem e a natureza (apenas). O trabalho é uma relação entre os homens através da natureza. Por isso ele deveria ser o domínio mais fervorosamente concreto do diálogo entre os homens. Transformar o Mundo, tornando-o cada vez mais humano, é o sentido do trabalho. E como todo o trabalho do homem sobre o Mundo é coletivo, ele é também um modo de exaltação da solidariedade entre os homens.
            Em si mesma a cultura, que é o resíduo que o trabalho humano deixa sobre o Mundo, deveria ser todas as formas visíveis ou comunicáveis da significação do diálogo entre os homens e de todos os seus efeitos sobre o Mundo.
            No entanto, a história concreta do homem nega de muitos modos o diálogo entre os homens e entre ele e a natureza, ainda que ela no horizonte seja a trajetória da reconquista do diálogo.
            Na prática as relações sociais do trabalho, ao produzirem os bens de que o homem sobrevive, reproduziram condições concretas em que alguns poucos sobrevivem do trabalho dos outros. Sobrevivem de deter modos de poder que surgem onde o diálogo acaba e onde o trabalho, afinal, separa e opõe categorias de homens opostos, de grupos e classes sociais antagônicos.
            A desigualdade entre os homens e as estruturas sociais dela derivadas: de produção de bens materiais, de reprodução da ordem do trabalho e de todas as outras relações entre todos os tipos de pessoas, de criação dos símbolos e significados com que a consciência representa o mundo e os homens se comunicam, gera o reinado da opressão. Gera e preserva um tipo de Mundo ruim que, não obstante, é preciso transformar.
            Na sociedade desigual (“colonialista”, “capitalista”, “opressora”) também o saber aparece dividido entre os homens. Em primeiro lugar ele não existe plenamente como representação coletiva e solidária do mundo concreto onde se vive, tal como ele é. O Poder, que controla politicamente a ordem social que o sustenta, também determina ideologicamente o saber, o pensamento, os valores, os símbolos com que se apresenta como legítimo. Ele cria e recria os instrumentos e artifícios para que as pessoas oprimidas por ele pensem como ele, pensando que pensam por si próprias.
            A educação é um destes instrumentos. Ela é um destes artifícios. Ao falar primeiro de uma educação bancária e, mais tarde de uma invasão cultural dominante sobre a cultura e a consciência dos sujeitos oprimidos, Paulo Freire leva às últimas consequências a sua crítica política da educação que serve ao poder da sociedade desigual.
            Tomemos o exemplo da própria alfabetização. Nas experiências tradicionais dos programas oficiais, o ensino do ler-e-escrever mistura à palavra de ilusão uma realidade de fantasia. O mundo que ali se mostra oculta, justamente, o mundo que aqui se vive. Através de figuras, palavras, frases, indicações de leituras, a realidade social aparece ao educando como um fetiche: um mundo dado, irreal, pronto e estático, bonito, acabado e sem conflitos.
            Assim, o acesso real do aluno à uma compreensão de Mundo através da alfabetização, mistura opostos. Mistura uma eficácia real para a leitura da língua (de fato se aprende a ler-e-escrever – competência técnico-ética) com uma ineficácia para a leitura da vida (de fato se aprende a ler como verdadeiro aquilo que é irreal e como irreal aquilo que poderia ser tornado humanamente verdadeiro – competência ético-política).
            A educação imposta aparece como ofertada. O interesse político de tornar, também a educação, um instrumento de reprodução da desigualdade e de ocultação da realidade à consciência, aparece como uma questão de trabalho técnico sustentado por princípios de ciências neutras. Assim, a educação que serve, nas mãos do poder que oprime, para ocultar de todos a própria realidade da opressão e para fazer os homens cada vez mais diferentes pelo grau diferenciado de saber que distribui, oculta-se a si mesma.
            Parte do próprio trabalho da educação opressora é disfarçar-se de “neutra”, de “humana” ou de “democratizadora”. Ela pode melhorar pedagogicamente (técnico-ética), mas politicamente (ético-política) apenas aumenta o poder de dividir e iludir.
            No entanto, o poder da opressão política não é absoluto e a mesma história humana que o cria, mais adiante o destrói. No entanto, também, o poder do saber opressor e o poder dos sistemas e artifícios de sua difusão não são absolutos.
            A consciência do oprimido, que aprende com o trabalho pedagógico da educação do opressor a pensar como ele e a legitimar a ordem de Mundo que ele impõe, aprende a pensar por si própria (também). Aprende a desvelar a mentira do saber imposto, quando aprende a fazer a prática política cujo horizonte é a sua liberdade. É a construção progressiva, mas irreversível, de uma sociedade conquistada pelo povo, e, então, reconduzida do diálogo.
            A consciência do povo é invadida de muitos modos pelos símbolos do saber de quem o oprime através do trabalho. No entanto, invadida, ela não foi conquistada (plenamente). Por isso é legítimo pensar no poder de uma outra educação.
            É legítimo pensar em um trabalho pedagógico que se realiza todos os dias, em todas as situações em que as classes populares vivem o trabalho de sua própria organização política. Se um educador pretende ser consequente com a ideia de criar com o povo a condição da conquista de sua própria liberdade, nada é mais importante do que isto. Quando a consciência do oprimido acompanha a prática política popular, ela aprende a pensar a si própria e ao mundo, do ponto de vista desta prática. Por isso, a educação libertadora que é, ao mesmo tempo, o sonho e o método de Paulo Freire, é a reflexão desta prática popular, tornada possível também através da participação do educador: com o seu saber que subverte a intenção de domínio da educação opressora; com os seus recursos colocados a serviço da educação do oprimido.
            Nisso tudo a coisa aparentemente pequena, que é um trabalho de alfabetização de homens adultos do povo, tem o seu lugar. Porque não é mais do que um outro instrumento conquistado para a educação popular, para o lado de sua prática. Mas um instrumento que, entre o sonho e o método, atua no domínio do saber. De um saber popular a que serve e de onde o educador espera que venha um dia a conquista da volta definitiva do diálogo.
            Por isso também o próprio método de alfabetização que Paulo Freire pensou funciona de tal sorte que realiza, dentro do círculo de cultura, a prática do diálogo que o sonho do educador imagina um dia poder existir no círculo do mundo, entre todos os homens, aí sim, plenamente educadores-educandos de todas as coisas. Daí surge a própria ideia de conscientização, tão nuclear em Paulo Freire. Ela é um processo de transformação do modo de pensar. É o resultado nunca terminado do trabalho coletivo, através da prática política humanamente refletida, da produção pessoal de uma nova lógica e de uma nova compreensão de Mundo: crítica, criativa e comprometida. O homem que se conscientiza é aquele que aprende a pensar do ponto de vista da prática de classe que reflete, aos poucos, o trabalho de desvendamento simbólico da opressão e o trabalho político de luta pela sua superação. (pp. 102-109).

“Dois livros de Paulo Freire são fundamentais: A Educação como Prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido, ambos da editora Paz e Terra. Não importa que o próprio autor considere às vezes superadas algumas ideias do primeiro livro. Ali elas tomaram a forma de um livro pela primeira vez.” (p 111 – indicações para leitura).

Trechos retirados de: Brandão, Carlos Rodrigues. O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Nova Cultural: Editora Brasiliense (Coleção Primeiros Passos).1985.
Obs.: Todos os destaques são nossos.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

As Dinastias do Poder e as lutas de classe

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As Dinastias do Poder e as lutas de classe

Fernando Horta 

A Ciência não é neutra. Nada, aliás, o é. Mas a Ciência, de todas as formas de aquisição de conhecimento, é a mais objetiva e a que tem tido os melhores resultados práticos. Desde 1620, quando foi publicado o livro Novum Organum de Francis Bacon, a estruturação de uma metodologia científica tem propiciado um intenso desenvolvimento da humanidade. A aquisição de conhecimento e sua validação atingiram também a própria Ciência que se critica e reconstrói a todo o momento.
É claro que vivemos um momento de anti-intelectualismo, em que o conhecimento consolidado precisa lutar por legitimidade com vídeos ou notícias apócrifas na rede mundial de computadores. E esta luta é inglória, pois o juiz frequentemente carece de ferramental cognitivo para fazer a função de julgar. Fica tudo na opinião pessoal, como se nada dali em diante pudesse ser verificado.
Pensando nisto, resolvi trazer alguns trabalhos muito bons que tive a oportunidade de acompanhar tanto na última ANPUH (Associação Nacional de Historiadores) como na SBS (Sociedade Brasileira de Sociologia). Ambos os eventos se deram em Brasília na semana que passou. E, junto com a Ciência Política e a Antropologia estão entre as disciplinas que mais tem a dizer no momento atual. E as mais negligenciadas.

As dinastias do Poder e a Luta de Classes

Há muito que se fala na tática de consolidação do poder através de laços familiares. No plano geral, a obra de Perry Anderson, “Linhagens do Estado Absolutista”, demonstra a “política de casamentos” como forma de unificação dos Estados Nacionais europeus. No Brasil, o livro de Raymundo Faoro, “Os donos do poder”, em que pese hoje criticado, estabelece uma ligação entre o exercício do poder e as relações interpessoais para se chegar aos postos deste exercício. Faoro argumenta pelo sentido estrutural, mas existem pesquisas que vão nas micro relações.
Ricardo Costa de Oliveira, José Marciano Monteiro, Mônica Helena Goulart e Ana Christina Vanali (todos professores doutores) apresentaram um estudo das relações familiares dos integrantes da Lava a Jato e do ministério de Temer na SBS. Um pequeno fragmento dos seus trabalhos doutorais de mais fôlego. Todos estudam estas relações espúrias, daquelas famílias de “homens bons”, todos ligados ao poder. Há quem pense que é fruto de uma genética privilegiada, afinal todos da família são meritocraticamente destacados. A realidade é que a teia de poderes familiares no Brasil, vai de norte a sul sem muita diferença.
Os pesquisadores mostram, com desprendimento científico, o que advogados sabem (e sofrem), o que os membros honestos dos poderes estão cansados de saber (e calar) e o que a mídia solenemente ignora (porque frequentemente é favorecida) deixando o povo na mais completa ignorância. O poder no Brasil é uma coisa familiar. E não é por acaso que a maior crise institucional no Brasil se dá quando o congresso é composto pela maior quantidade de “herdeiros” e o judiciário, da mesma forma.
Primeiro, é preciso ressaltar que TODOS os integrantes da “Força Tarefa da Lava a Jato”, que tem na figura do Juiz Moro o principal agente acusador, estão entre o 1% mais rico da população brasileira. Mais da metade está entre o 0,1% mais rico, devido aos seus ganhos estatais. Isto apenas para recolocar a questão “antiquada” da luta de classes em seu devido lugar. Em cem anos dirão – com certeza – através de dados e pesquisas, que a Lava a Jato foi o instrumento das elites políticas e econômicas contra os projetos de diminuição da desigualdade no Brasil. Como um “cala a boca e fica no seu canto” dado pelas elites urbanas, com títulos acadêmicos (embora parco conhecimento), brancas, conservadoras e enriquecidas aos “desagradáveis”, aos “insuportáveis” e aos “desnecessários” na visão delas mesmas.
Depois, o trabalho envereda para mostrar que todo o grupo da Lava a Jato (com exceções nada honrosas) são “advindos de famílias em que pais e familiares atuaram e/ou atuam no sistema de justiça, muitos no período da última ditadura militar” (citado do original). O ministério de Temer é ainda pior.
Um ponto interessante, levantado pelos pesquisadores, é o fato de que não apenas Moro e Yousseff estiveram presentes no processo do Banestado (2003-2004), em que as lideranças do PSDB, PP e do PFL (atual DEM) estavam envolvidos em crimes de corrupção e financeiros. Os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Januário Paludo e Orlando Martello Junior, que fazem parte da Lava a Jato também estavam naquele processo. E, pasmem, os policiais federais Marcio Anselmo e Érika Mialik também. Yousseff talvez tenha como regra para cada dez anos de ilicitude, uma delação premiada. Algo como “férias merecidas” e o apagamento de seus crimes. Mas o número elevado de membros presentes nas duas operações levanta a tese do esquema organizado. Uma espécie de “gatilho político” que as elites teriam caso o “andar de baixo” resolvesse realmente entender o que é democracia. Uma bomba institucional que ficaria ali latente até poder ser usada politicamente contra quem valesse a pena, por quem tivesse força para usar.
O caso do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima é ainda mais constrangedor. Carlos é filho do deputado estadual da ARENA, Osvaldo Santos. Deputado, promotor e presidente da assembleia em 73, apoiador da ditadura militar. Segundo os pesquisadores, Carlos foi casado com Vera Márcia que é “ex-funcionária” do Banco Banestado. E que atuava no banco, nas mesmas agências investigadas pela ação do Banestado, nas mesmas funções investigadas durante todo o período que seu esposo fazia as investigações. Depois, Vera Márcia, ainda casada com o procurador foi transferida para a Agência da Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, apenas a agência com maior suspeita de fraudes e ilicitudes. 
Sobre Moro, os pesquisadores levantam a já conhecida e estanha formação acadêmica “à Jato”, mas se detém em sua esposa. Rosângela Wolff de Quadros “fez parte do escritório de advocacia Zucolotto Associados, em Maringá (...) que defende várias empresas petrolíferas estrangeiras” (cito do original). Afora todas as relações da genealogia de Rosângela com a elite estatal paranaense, os pesquisadores levantam que Rosângela Moro é prima do prefeito Rafael Greca de Macedo e – agora vem a pérola de ironia histórica – “ambos descendem do Capitão Manoel Ribeiro de Macedo, preso pelo primeiro Presidente da Província do Paraná por acusações de corrupção e desvio de bens públicos em instalações estatais”. Para os que não lembram, Greca é o prefeito que tem nojo do cheiro de pobre. Tanto Moro quanto Rosângela Wolff tem parentes desembargadores no Paraná afora as relações com Flávio Arns e Marlus Arns que atuaram como advogados de réus da Lava a Jato. Os pesquisadores falam da “lucrativa indústria advocatícia da Lava a Jato” em que Moro prende, e conhecidos dele e de sua esposa são contratados para tentar soltar os réus. A preços módicos, claro.
Só para não ficar sem falar do vice-presidente, dos trinta e um ministros de Temer, dezessete “apresentaram significativos capitais sociais e políticos familiares nas suas trajetórias” mostrando que “a característica familiar do sistema judicial e do governo do Brasil” está presente em todas as regiões.
É de se entender o motivo de Temer atacar a Ciência no Brasil e em especial as humanidades. Em regimes autoritários, os primeiros ataques são aos historiadores, sociólogos e cientistas políticos. Se dirigem àqueles que têm ferramental para demonstrar a violência, criticar e abrir os processos de poder. Felizmente, ainda temos quem faça pesquisa e Ciência no Brasil. Felizmente não poderão dizer, daqui a cem anos, que a sociedade brasileira não foi avisada do caos a que está sendo levada e de como eram as relações de poder de quem a levou. Não nos furtamos, enquanto cientistas, de demonstrar que a “neutralidade” é uma mentira tão grande quanto a “meritocracia”. É a velha luta de classes em seu viés mais abominável. Travestido de institucionalidade técnica.

• SBS 2017 OLIVEIRA, Ricardo; MONTEIRO, José; GOULART, Mônica; VANALI, Ana. PROSOPOGRAFIA FAMILIAR DA OPERAÇÃO “LAVA-JATO” E DO MINISTÉRIO TEMER.