sábado, 26 de novembro de 2016



26/11/16, 6h48 - Saulo: Com Che, Fidel, Cuba toda, não obstante erros limitantes, provamos muitas verdades, uma delas é que a igualdade, a partilha e a Humanidade verdadeira é possível de ser construída " pouco  a pouco...lentamente....faz vida em nossas mãos ".
Descansa Fidel....

CONVERSA COM EVANDIR 3




25/11/16, 11h17 - EVANDIR: Quem é Marcelo Calero, que virou o “homem-bomba” de Michel Temer - http://www.tijolaco.com.br/blog/quem-e-marcelo-calero-que-virou-o-homem-bomba-de-michel-temer/
25/11/16, 11h17 - EVANDIR: Xadrez do golpe no golpe

SEX, 25/11/2016 - 09:59
Luis Nassif


A delação do ex-Ministro da Cultura Marcelo Caleró deflagra o primeiro passo da operação golpe no golpe.

Ontem, em Brasília, me relataram conversas de Eliseu Padilha em 2012, com um empresário conterrâneo, adiantando a estratégia de sua turma. Apoiariam Dilma em 2014 e no dia seguinte começariam a batalhar pelo impeachment.

O PSDB foi a reboque. Mas controlando o STF (Supremo Tribunal Federal) e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça)  através da Ministra Carmen Lúcia, e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), através de Gilmar Mendes, e a PGR (Procuradoria Geral da República) através de Rodrigo Janot, era questão de tempo para adiantar o golpe no golpe.

Ele veio com Marcelo Calero. Não se trata apenas de um diplomata que saiu do nada para o MinC. Trata-se de Marcelo Caleró, 4560, candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2010, pelo PSDB.

Bastará agora ir fervendo o caldeirão até virar o ano. Virando o ano, o TSE resolve a questão e a Câmara partirá para eleger um presidente pela via indireta.

Amanhã desdobraremos mais esse Xadrez

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CONVERSA COM EVANDIR 2

19/11/16, 15h50 - EVANDIR: José Pacheco: Onde estão os professores? Por que não ocupam suas escolas?

Um dos grandes formuladores de novos paradigmas educacionais, José Pacheco, saúda secundaristas brasileiros e sugere: “O poder público insiste em velhas fórmulas. Por que os professores não ocupam suas escolas”?

Por José Pacheco

Pré-ocupações

Há mais de cem anos, Almada Negreiros escreveu:
“Quando eu nasci, todos os tratados que visavam salvar o mundo já estavam escritos. Só faltava uma coisa: salvar o mundo.
Quando decidi ser professor, todos os tratados que visavam salvar a educação já estavam escritos. Só faltava refundar a escola, salvar a educação, sair da zona de conforto.
Já na distante década de 1970, nos pré-ocupávamos e questionávamos o instituído. Os enunciados dos projetos requeriam que se educasse para e na autonomia.
Porém, professores cativos de uma platônica caverna, para onde uma “formação” deformadora os havia atirado, semeavam heteronímia.
Uma tradição centralizadora e autoritária recusava às escolas o direito à autonomia, contrariando a lei.
Provisórias medidas ministeriais adiavam a refundação da escola e negavam o direito à educação.
A crença nas virtudes da velha escola mantinha os professores na ilusão de uma possível melhoria de um modelo em decomposição. Se a família terceirizava a educação dos seus filhos e a escola não ensinava, uma sociedade doente considerava normal que assim fosse.
O contraste entre a sofisticação do discurso e a miséria das práticas tornava-se insustentável. Se as medidas de política educativa negavam a muitos alunos o direito à educação (direito consagrado na Constituição e na Lei da Bases), o poder público teria direito de manter tais políticas?
Se o modo como as escolas funcionavam provocava a exclusão de muitos jovens, as escolas poderiam organizar-se desse modo?
Se, do modo como ensinávamos, muitos alunos não aprendiam, teríamos o direito de continuar a trabalhar desse modo? Cadê a ética?
Estas foram algumas das nossas pré-ocupações. Até ao momento em que, fundamentando as nossas reivindicações na lei e numa ciência prudente, assumimos o estatuto de autonomia, dignidade profissional.
Reivindicamos condições de desenvolvimento dos projetos político-pedagógicos, exigimos respeito pelas decisões (políticas e pedagógicas) das nossas escolas e comunidades.
Da pré-ocupação passamos à ocupação.
No Brasil, ao cabo de vinte anos, o artigo 15º da Lei de Diretrizes e Bases do Florestan [Fernandes] e do Darcy [Ribeiro] é letra morta. A lei não foi cumprida e o poder público insiste no fomento de velhas fórmulas.
Bem nos avisava o Anísio [Teixeira]: Habituamo-nos a viver no país proclamado. Não no país real. Não existe uma política de Estado. Existe uma prática de desgovernos.
Mas há jovens brasileiros que não se mostram condescendentes com ministeriais disparates e ocupam escolas. Surpreende-me que sejam os jovens a ocupar escolas.
Deveriam ser os professores a ocupá-las. Porque os jovens sabem aquilo que não querem, mas ignoram a escola a que têm direito. Suponho que os professores saibam…
Se o sabem, por que se mantêm apáticos, quando, na formulação de política educativa, critérios de natureza administrativa se sobrepõem a critérios de natureza pedagógica?
 Por que não cumprem os seus projetos?
 Por que consentem que burocratas lhes imponham a mordaça do “dever de obediência hierárquica”?
 Onde estão os professores?
 Por que não agem no chão da escola e da comunidade, fazendo o que é preciso e inadiável, assumindo um estatuto de autonomia?
 Por que não ocupam as suas escolas?

 (Do Outras Palavras/ Blog da Redação)


José Pacheco é educador português e mundialmente conhecido pela criação da experiência inovadora representada pela Escola da Ponte, é autor de diversas obras sobre aprendizagem e gestão democrática na educação

CONVERSA COM EVANDIR 1

21/11/16, 14h08 - EVANDIR: Disputa será da direita com a extrema direita, afirma Haddad

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
21/11/2016 02h00

Prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP) afirma que a esquerda brasileira nunca conviveu com uma situação "tão adversa" como a atual. Para ele, a polarização brasileira se dará, nos próximos anos, entre a direita e a extrema direita.

Derrotado por João Doria (PSDB-SP) na eleição municipal, ele diz que se dedicará agora a "reorganizar a vida", mas sem deixar o "debate nacional". Leia os principais trechos da entrevista, concedida dias depois da vitória do republicano Donald Trump à Presidência dos EUA:

Folha - Há uma onda conservadora no mundo e no Brasil?

Fernando Haddad - Não dá para entender o Donald Trump sem entender o que foi a globalização. O que seus ideólogos defendiam? Que ela significaria a distribuição do welfare state [Estado de bem estar], que uma parte do bem estar do núcleo orgânico do sistema seria socializado.

Isso atingiria inclusive o Brasil. Essa era uma tese do [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso, por exemplo. Mas o que de fato aconteceu? O capital se internacionalizou de uma maneira inteiramente nova.

Eu [empresa] produzo a sola do [tênis] Nike no Vietnã, o cadarço no Camboja, monto em Manaus e exporto para a Europa. Só que quem fica com o superlucro é a marca Nike. Não são os trabalhadores, como se poderia imaginar.

A força de barganha diminui.

A base nacional da legislação e da organização sindical se esfarelam. E o capital passa a superexplorar a força de trabalho. Sobretudo no Sudeste asiático, que se industrializa com base na mão de obra barata, de pessoas que trocavam 12 horas de jornada por um prato de arroz.

A globalização significou ainda a desregulamentação dos mercados financeiros.

Em 2008, duas coisas se combinam: crise financeira com a explosão das bolhas na Europa e nos EUA.

O centro nervoso do sistema é atingido. Os trabalhadores de seu núcleo orgânico já sentiam os efeitos da desindustrialização pelo aumento da competição asiática. Mas, a partir de 2008, passaram a sentir na pele, como nunca.

Essa combinação começa a explicar a emergência da direita nos EUA e na Europa.

Trump é só um elemento a mais de reação da classe trabalhadora tradicional, europeia e americana. Que dá sustentação a Marine Le Pen, na França, ao Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia], a grupos radicais na Alemanha e na Áustria.

Nos EUA não há desemprego, por exemplo. Ao contrário.

Mas você tem a precarização [do trabalho], sobretudo no nordeste, que era uma das regiões de base industrial nos EUA. Ele sucumbe.

E você tem a emergência de forças ultraconservadoras de viés nacionalista, com a classe trabalhadora tradicional reagindo aos efeitos deletérios da globalização pela direita. Hoje a disputa, em escala global, inclusive na periferia do sistema, se dá entre a direita e a extrema direita.

E no Brasil?

A América Latina pegou um atalho interessante. A expansão do sistema abriu um ciclo de commodities e de crescimento que se combinou com a democratização da renda por governos que, sucedendo os militares, emergiram com discurso muito favorável ao combate à desigualdade.

E o Brasil conseguiu cumprir com certos princípios da Constituição de 1988, que foi o ponto alto a Nova Republica, que durou de 1985 a 2016.

A Nova República terminou. Vivemos hoje o começo de uma segunda República Velha, como deseja o establishment. [Irônico] Essa farra aí, de direitos, acabou. Vamos voltar ao padrão primário exportador do começo do século passado.

Como o país chega a essa crise tão aguda?

Com a crise de 2008, o ciclo de commodities teve que acabar. As economias centrais dependiam de matéria prima barata para recuperar seu dinamismo. A decisão da Arábia Saudita [de aumentar a produção de petróleo, fazendo o preço despencar] é política. Ela joga com os EUA.

Com o fim do ciclo das commodities, começa a crise na periferia, em governos [da América Latina] de matriz econômica cujas bases não são mais sustentáveis. Isso explica parte da crise do governo Dilma [Rousseff]. Obviamente não explica tudo.

E o que mais explica?

A leitura completamente equivocada do governo e do PT sobre [os protestos] de 2013. Ela foi a de que tínhamos garantido o pão e que o povo tinha saído às ruas para pedir a manteiga. Essa expressão eu ouvi, na época, de alguém muito importante.

Do Lula?

[risos]. É. Eu ouvi do Lula. E eu disse para ele "não é isso o que está acontecendo".

Nós tínhamos dez anos de crescimento real do salário, a menor taxa de desemprego, inflação relativamente controlada. Não tinha elementos para o povo estar na rua.

A não ser pelo componente psicológico de perda de poder e status relativos das classes médias tradicionais, espremidas entre ricos cada vez mais ricos e pobres menos pobres.

Elas que lideraram aquele processo. E já começava o fim do ciclo de commodities. O resultado foi uma crise institucional com a radicalidade que a crise política impôs.

A leitura errada se traduziu em medidas equivocadas?

Dilma acreditava realmente que essa crise era temporária. E os ajustes que a economia precisava foram sendo adiados. Quando se confirma o diagnóstico contrário, ela dá um cavalo de pau. Imaginando que em 2018 a economia voltaria a crescer.

E dá tudo errado.

Dar um cavalo de pau pressupõe que você tem base parlamentar. Ela não tinha. A popular, perdeu. A classe média tradicional ganhou as ruas e aí nós promovemos algo que não está na Constituição: o tal do impeachment sem crime de responsabilidade.

O que foi esse casuísmo? A Constituição prevê a intervenção do Estado no município, do governo federal no Estado, mas não a do Congresso no executivo. Pois foi exatamente o que aconteceu.

E o que nós temos hoje é um governo de intervenção, com os seus atos institucionais. A PEC 241/55 [do teto de gastos] é o ato institucional número 1 do novo regime.

O pressuposto é o seguinte: qualquer aumento quantitativo dos serviços públicos, qualquer melhora qualitativa, e o enfrentamento da questão demográfica, do envelhecimento da população, vão ter que ser enfrentados com o aumento de produtividade do serviço público.

A conta não vai fechar.

O Estado vai sofrer pressão para racionalizar gastos. Isso não é positivo e necessário?

O problema é de escala. É imaginar que esses três desafios vão caber dentro da âncora fiscal. É imaginar que o interesse difuso vai prevalecer sobre o interesse corporativo. Olha a dificuldade de se cortar supersalários no Judiciário brasileiro, que é o mais caro do mundo. Olha a dificuldade que é você enfrentar as corporações.

O senhor costuma criticá-las.

Eu não me vejo vivendo numa República. As instituições republicanas funcionam ainda muito na base da facção. Pessoas que não poderiam têm lado. Alguns promotores, alguns jornalistas, juízes, desembargadores.

O problema não está no fato de um membro do Ministério Público, por exemplo, não agir republicanamente. E sim no fato de os mecanismos corretores não funcionarem.

Que motivos levaram à sua derrota em São Paulo?

A crise do PT foi muito severa. Só neste ano, três [ex] ministros do partido foram presos [Antonio Palocci, Paulo Bernardo e Guido Mantega]. Teve o impeachment. O Instituto Lula somou 13 horas de Jornal Nacional, neste ano, contra o Lula.

Houve também a fragmentação do nosso campo. Chegaram a me perguntar por que o PT tinha lançado três candidatos, eu, a Marta [Suplicy] e a [Luiza] Erundina.

E o Doria fez propostas objetivas que sensibilizaram o eleitorado: manter a tarifa [de ônibus] congelada, abrandar a fiscalização por radar e aumentar a velocidade das marginais. Eram as críticas que eu ouvia na periferia.

Mas, sinceramente, eu não reclamo de nada porque a experiência que vivi foi a mais rica que eu poderia ter.

Eu queria ficar mais quatro anos como prefeito. Queria. Do MEC [que comandou no governo Lula] eu sinto nostalgia. Daqui eu vou sentir saudades. Porque eu gosto de ser prefeito e queria ficar.

Por outro lado, vivendo essa turbulência toda e entregando a cidade melhor do que recebi compensa o sentimento de perda. A dívida de SP era 200% da receita. Hoje é 74%. A folha de pagamento está controlada, 70% do orçamento é de receitas próprias.

Quanto tempo a esquerda demora para voltar ao poder no Brasil, se é que volta?

A tendência é que também aqui direita e extrema direita sejam o polo das próximas disputas. O desafio da esquerda é maior do que nunca. A gente nunca conviveu com uma situação tão adversa.

Qual é o futuro do PT?

A chance de o PT manter a hegemonia na esquerda é difícil. Embora, mesmo muito machucado, ele ainda seja maior do que quase a soma de todos os outros [partidos de esquerda] reunidos. Vamos ver o que ocorre até 2018, em torno da candidatura do Ciro Gomes (PDT-CE), se o Lula vai ser impedido de disputar.

E o senhor? Pode disputar [a Presidência] em 2018?

Eu não estou pensando em eleição agora.

Poderia tentar de novo a Prefeitura? Ou sair a deputado, a senador?


É difícil passar pelo mesmo lugar que eu já passei. E não me vejo no Legislativo. Vamos ver o que o destino me reserva. Agora estou empenhado em organizar a minha vida pessoal. Depois de 16 anos em vários governos, me descapitalizei completamente. Mas a vida inteira eu participei de política e só a partir de 2001 em cargos públicos. Vou continuar a participar do debate nacional, vou voltar, por exemplo, a escrever.