quarta-feira, 25 de abril de 2018

GPI Deus por Dom Mauro Morelli parte 2


Divulgando...
Boa tarde povo!
4ª dia de Pensamento Inquieto! Continuamos com os textos anunciados na primeira postagem. Os mesmos serão divididos em várias postagens pra facilitar a leitura.
Obs.: Agora temos uma novidade! Se você estiver sem tempo para ler o texto, a partir de agora disponibilizaremos um link para que você possa ouvir o texto sintetizado em MP3 (Haverá alguns sotaques visto que são sintetizadores estrangeiros)! O(s) Link(s) estará(ão) sempre depois do primeiro parágrafo do texto postado.
Degustem!


Aqui áudio mp3 do texto anterior


CONTINUANDO...

            O nosso século viveu Hiroshima, viveu o holocausto, viveu o Vietnã, e vive essa guerra blasfema, mantida pela ordem econômica internacional. Na minha linguagem religiosa chamo de blasfêmia. Hoje, fruto da concepção de desenvolvimento das políticas econômicas, o mundo gerou uma monstruosidade. Em cada seis pessoas uma está sendo esmagada, destruída de forma, repito, blasfema! No esmagamento das pessoas, como cristão, encontro a mais terrível blasfêmia contra Deus. Essa experiência da destruição humana se constitui para nós, hoje, a base da inquietude. Nós homens e mulheres que cremos na fé do Evangelho de forma muito viva, nos sentimos perturbados, não com a negação intelectual ou acadêmica de Deus. Nós nos sentimos molestados, perturbados, agitados pela negação da justiça e do amor que solapam a nossa própria experiência de Deus.



            A grande questão para nós, hoje, não é se Deus existe, é onde está Deus. O nosso sofrimento no testemunho, na vivência da fé, na pregação não é perguntar se Deus existe. Podemos entrar nesse campo de uma forma ou de outra, nos sentimos ameaçados na nossa fé em Deus exatamente a partir da verificação da negação da justiça, e da destruição da vida.
            Esse aviltamento, esmagamento, essa tortura permanente, institucionalizada da pessoa humana, essa destruição da vida no universo é que nos leva a perguntar: onde está Deus? Creio que era essa pergunta que se fazia nos campos do holocausto, e creio que esta é a pergunta que se faz em qualquer lugar em que se viva a ameaça constante, permanente de destruição. Vivo num desses lugares de guerra. A guerra da Baixada Fluminense é fruto da ordem e do progresso que foram sonhados, programados e implantados a ferro e fogo no Brasil.
            Diante desse plebiscito que vem aí, estou me sentindo bastante limitado, e não gostaria de poder optar entre coroa, quepe ou chapéu. Gostaria de poder voltar para o quilombo do Brasil, uma outra possibilidade. A partir da minha realidade da Baixada, desse mundo em guerra, fruto desse sistema do qual o Brasil é parceiro, estamos, há tanto tempo, querendo encontrar os caminhos democráticos, o caminho da democracia, e não vamos encontrar.
            Porventura alguém já visitou alguma sociedade democrática? Fico sempre surpreso quando viajo e alguém me diz: aqui é um país democrático. A última experiência que tive foi em São Domingos. Participei daquele 4º Encontro de Bispos da América Latina, depois descobriram também que havia o Caribe. Fiz questão de dizer também, na primeira sessão, que a próxima reunião deveria se latino-americana e caribenha. De forma feliz, o Papa acabou dizendo que gostaria que fosse pan-americana. Mas descobri, chegando a São Domingos, que todos queriam me convencer de que ali existia uma sociedade democrática, e em um certo momento, em um programa de televisão, eu disse: olha, acabaram me convencendo.
            Só encontrei até hoje dois estados democráticos: São Domingos e o Vaticano, não existe outro. A democracia, a partir da minha visão da Baixada Fluminense, seria uma sociedade pensada, constituída, planejada, programada, orientada a combater a marginalização e a discriminação. Uma sociedade que canalizasse energia, recursos, leis, a fim de que pudéssemos ir construindo uma família que não discriminasse nem nos marginalizasse; mais do isso, uma sociedade que além de ser constituída assim amanhecesse indignada com a primeira discriminação ocorrida e fosse comprometida a lutar contra todas as formas de marginalização e discriminação.
            Então vivo nesse mundo em que a cidadania é negada e tenho visto e contemplado essa nossa realidade a partir da minha perspectiva de fé. Cheguei à conclusão, retomando aquilo que dizia há pouco, que a grande blasfêmia do nosso tempo se manifesta nessa dupla forma: a destruição da vida e a perversão do sentido de Deus. Vivemos recentemente a experiência insana de um invocando seu Deus e o outro também, um dizendo que era Alah e o outro dizendo que era Deus-Jesus Cristo, numa guerra estúpida como todas as guerras, falando de Deus. É uma experiência muito recente. A idolatria é um processo sutil daqueles que têm o poder de conseguir mais poder divinizando aquilo que construíram. Isso pode ocorrer em qualquer instituição, inclusive na igreja a que pertenço, da qual faço parte, e certamente muitos de vocês. Creio que existe uma perversão do sentido de Deus em nós mesmos, cristãos.
            Diria que essa perversão se manifestava no meu tempo de criança na arrogância com que nós, Igreja Católica, nos colocávamos diante do mundo como senhores absolutos da verdade. Uma arrogância que esteve presente em grande parte dessa história. Uma arrogância que dificultou o enfrentamento de uma questão, não tenho tempo para falar de todas, séria no nosso contexto latino-americano: em São Domingos, não fomos capazes de dizer aos povos ameríndios e aos descendentes dos africanos que pecamos contra eles. Ficou atravessada na nossa garganta e no nosso coração essa grave questão, que foi mais uma vez a blasfêmia do genocídio contra os povos nativos e o crime inafiançável da escravidão, sustentada, abençoada, justificada por muitos que professavam a fé em Jesus Cristo.
            Essa é uma grande questão: a perversão do sentido de Deus, que sempre vai ligada a um projeto que acaba destruindo a própria pessoa humana. O que aconteceu aqui no século XVI? Exatamente isto. Uma experiência perversa de Deus, marcada por uma indisfarçável parceria entre a cruz e a espada, e entro no espaço das pesquisas arqueológicas, por exemplo, no Piauí há setenta mil anos, onde gente como nós circulava, transava, celebrava a vida a seu modo. Chegaram aqui no século XVI os colonizadores e os missionários, e o que é que aconteceu? Uma terrível cruzada de conquista não só para conquistar o ouro, o tesouro e o corpo, mas a própria alma. Aquilo que atinge ao se humano me atinge profundamente: o genocídio, a colonização.
            Mas como é difícil separar as coisas: como bispo tortura-me perceber que quiseram conquistar almas, indo num caminho oposto à legítima e autêntica tradição apostólica, a evangelização. O anúncio de Deus, de Cristo deve ser feito segundo a experiência antiga da igreja que começava a caminhar. Através do testemunho, do diálogo e do derramamento do amor, da solidariedade, da justiça. Era assim que se evangelizava: o anúncio de Deus dos primeiros cristãos era um anúncio desmistificador, não havia templo, não havia lugar, nas casas era uma celebração da vida, não havia imposição, era através de um diálogo, como Paulo: “ No areópago li que vocês homenageiam um Deus desconhecido. É sobre esse Deus que quero conversar.”
            Creio que teríamos matéria, hoje, para um concílio verdadeiramente ecumênico sobre a questão do choque entre Evangelho e as culturas. Hoje, nós, cristãos, somos questionados por todo nosso método de trabalho e pelas consequências desastrosas do impacto que causamos sobre as culturas. E em São Domingos, inclusive, não fomos capazes de superar a arrogância e a ignorância, e até pleitear: queremos construir uma cultura cristã. Como se fosse possível alguma cultura ser privilegiada com determinado título divinizado. Aqui, o que se fez, como se fez na África, foi uma conquista das almas, uma conquista terrível em que os povos não eram respeitados na sua consciência, e o próprio Deus era prisioneiro da nossa arrogância.
            Imaginem por que será que Deus teria passado quarenta mil anos esperando o Papa mandar os missionários para Ele se manifestar aos povos nativos? Será que Deus iria esperar que o barco se Colombo trouxesse os missionários para que Ele dialogasse com seu povo? Há quarenta mil anos Deus se entretinha com seu povo. Esses povos todos tinham uma bela e profunda experiência de Deus que se revelava não nos seus crimes, mas nas suas virtudes. Certamente também eram pecadores, certamente também cometiam aberrações, mas creio que a qualidade de vida, a harmonia comunitária, era muito mais expressiva, mais bela e verdadeira do que a vergonha da corrupção e dos relacionamentos doentios, mórbidos e injustos da Europa no século XVI, para situar-me no momento da conquista.
            A perversão de Deus, do sentido de Deus, leva alguém a violentar as consciências, leva alguém ou uma instituição a entrar como um trator sobre um povo todo, sobre povos; negando toda a história, todo o passado, pretendendo anunciar Deus blasfemando contra Ele, porque O reduz à sua própria experiência, à sua própria insignificância, à sua própria instituição, ao seu próprio projeto, e Deus sempre esteve aqui, sempre caminhou no meio do seu povo. O que os missionários de ontem e de hoje deviam fazer, como os indígenas fazem, era colocar o ouvido no chão e sentir o povo e Deus celebrando a vida com suas danças. Chegaram negando tudo, arrasando tudo e demonizando tudo. Esta palavra é importante, citada pelo próprio Jesus no Evangelho: “Ele foi satanizando quando se percebeu na verdade o que ele estava significando.”
            Hoje a experiência religiosa do povo africano permanece satanizada nos meios católicos, evangélicos e protestantes. Crescemos, cristãos dessas várias igrejas, certos de que o demônio é celebrado ali, onde se encontram as religiões afro. Em nome disso perseguiu-se e persegue-se até hoje, e no entanto, pergunto eu, será que o demônio é parceiro da mãe-de-santo que dá a vida, dias e horas com ternura, com paciência, com bondade, escutando as aflições, os sofrimentos, as angústias e tentando partilhar ânimo, encorajamento de vida com as pessoas que sofrem? Será que o demônio estava nesse trabalho, nesse testemunho que permitiu ao povo negro, de alguma forma, guardar sua própria identidade, isto é, manter sua própria dignidade? Percebem aonde vai a perversão do sentido de Deus? Essa questão da destruição da pessoa humana e o perversão do sentido de Deus nos leva a uma terrível crise de fé. Repito, uma fé em crise, não mais por uma erosão intelectual, mas uma fé em crise pela destruição da justiça e da vida. Pergunta-se hoje até quando os miseráveis continuarão crendo em Deus. A teologia da Libertação surgiu exatamente porque se percebeu, no mundo da reflexão acadêmica, que Deus não estava no mundo limpo, asseado, civilizado, constituído, organizado, incentivado, embatinado, mas Deus se encontrava lá no meio dos destruídos, dos marginalizados.
            Entrei no Vaticano outro dia e senti-me visitando aquela igreja grande. Um monumento à nossa própria arrogância, não sei, e quando saí, três bispos iam saindo, um deles, já arcebispo, olhou-me e falou: Ah! Eu vou falar lá no Brasil que dom Mauro estava sentado dentro da basílica do Vaticano. E respondi que, de fato, me interessava conhecer um pouco das coisas, e que como um cristão mais secularizado conseguia até pensar em Deus no meio daquela blasfêmia toda e que ele podia dizer que eu sempre estava num bom lugar. Completei: estava numa capela ali no canto, refletindo um pouco sobre a graça da minha vida e a missão que tenho, porque lembrei de São Pedro e da missão apostólica, refletindo sobre isso; a graça da minha vida é a missão que tenho. Quando você não me encontrar diante do Santíssimo você vai encontrar-me no meio das prostitutas, sempre num bom lugar. O pobre do arcebispo arregalou um olho desse tamanho, o outro bispo, que era um pouco malandro, segurou-se para não dar uma gargalhada, mas não me contive. Diante da cretinice daquele meu irmão, só podia dizer o que disse.
            Gostaria de dizer ainda que a minha experiência de Deus me leva, hoje, a perceber como é importante a luta pela cidadania. Já não rezo para ninguém escapar do fogo do inferno, mas confesso para vocês que há muito tempo não rezo pedindo para ninguém ir para o inferno. Aliás, para entrar lá também precisa ser muito competente. Tenho dificuldade para imaginar que exista. Nem o Collor conseguiu. O que aquele coitado não tinha era competência. Era daqueles que chamo de pecador burro, não é?
            À medida que você vai caminhando na vida, você vai fazendo suas teorias, e a gente acaba professor no fim da vida. Já tenho uma teoria: nunca encontrei ninguém com problema de fé na minha vida. Tenho encontrado pessoas com aquilo que marca a condição humana: uma cabeça confusa, um coração irrequieto, cuja grande questão é ser amado: se conto, se não conto, se existo, se me percebem, bolso muito vazio ou muito cheio, e – não querendo escandalizar minhas irmãs mulheres, vocês já são bem liberadas, mais do que eu – os testículos mal colocados (no lugar da cabeça). Só pensa nisso, só imagina isso e depois não sabe o que fazer com isso também. Minha oração, no tempo de hoje, é uma oração pela vida.
            Confesso que não posso imaginar que uma criança que nasça nesse mundo branquinha, amarelinha e vermelhinha, beijada por Deus na testa, possa ser jogada nas trevas exteriores. A minha grande questão nesse tempo é se as crianças que nascem na terra têm lugar na terra. Eu tenho a impressão que nós os pregadores ensinamos o povo a morrer. Aquela pregação que vi no interior de São Paulo, onde está minha experiência de criança, íamos para a zona rural, visitar meu avô, e tinha 17 porteiras no caminho, cada porteira que passava tinha escrito “Casas Pernambucanas” e “Salva tua Alma”, religião é religião e negócio é negócio.
            Ensinamos o povo a salvar a sua alma, e torcemos de felicidade quando um desgraçado na última hora, recebe uma absolvição. Tinha padre que era perito em seguir ambulância para conseguir ungir um miserável atropelado e dizer: “Salva a tua alma”, quer dizer lançou a absolvição em cima, está salvo. Usando outra linguagem: “no último momento eu consegui que ele proferisse o nome do Senhor, ele aceitou o Senhor Jesus, ele se salvou”. Muita preocupação com o “salva tua alma”.
            Em um determinado momento da minha peregrinação fiquei muito irritado com um membro eminente da cúria romana que é brasileiro. Não deveria ficar, mas não sou tão perfeito assim. Todas as vezes em que vinha aqui despejava advertências, exortações apostólicas, mais papista do que o papa. Então publicou um panfleto com o título: “Perigos, erros, e não sei o que, da Teologia da Libertação”. Telefonei para Dom Ivo, que era presidente da CNBB, e avisei que ia responder. O Jornal do Brasil demorou três semanas para publicar minha matéria.
            O artigo era assim: Teologia do Genocídio versus Teologia da Libertação. Esta pregação ‘salva a tua alma’ para mim se transformou no postulado básico da teologia do genocídio. Tanto a gente ensinou o povo a morrer que aprenderam a matar. Aprenderam a matar na forma institucionalizada de uma economia que cassa todo direito à vida, e que tira toda a expressão de cidadania das pessoas; somos responsáveis por isso. Todos vivemos a experiência recente do encontro das Nações Unidas e o desenvolvimento. Nós, cristãos e judeus, temos que repensar, reinterpretar a Bíblia nos primeiros capítulos do Gênesis para superar a nossa arrogância, colocando-nos como senhores absolutos da criação, acima de tudo e de todos.
            E hoje, mais do que nunca, a acatus romanus no capítulo 7 se revela verdadeira: a natureza geme aguardando a manifestação dos filhos e filhas de Deus, alguém que a liberte. Está podre, corrompida, ferida, terrivelmente ameaçada de morte. E dentro desse quadro estamos com o ser humano, como disse há pouco, em cada seis, um foi condenado a morrer pelo caminho da indigência. Em São Domingos, a opção pelos pobres preocupou-me, porque em trinta e uma comissões vinte e nove imediatamente apoiaram a opção pelos pobres. Quando todos começaram a apoiar – já pensou senadores, deputados do Brasil fazendo opção pelos pobres, você já desconfia. Então percebi que todos os bispos estavam fazendo opção pelos pobres e falei “Irmãos de Puebla, em 1979, para cá, o que ocorreu foi, não um empauperamento, um empobrecimento do povo, e sim um processo de miserabilização. Hoje a opção é pelos miseráveis, o mundo em que vivo é dos miseráveis. Só aí encontro razão e alegria para viver, e confesso a vocês que quem confirma a minha fé em Deus são exatamente os pobres da terra, porque, não quero ofender ninguém, nem a mim, não é nas reuniões episcopais, eclesiásticas que vou alimentar a minha fé. Ali tenho as tentações da fé, e faço questão de perturbar a fé dos outros também.
            A minha fé é alimentada e fortalecida entre os pobres da terra, sem nenhuma demagogia. Porque é lá que você percebe ternura, o pão partido e repartido, nas últimas migalhas se repartem, nada é concentrado, os pobres são capazes, no seu barraco, de fazer o que não faço na minha casa. A propósito, outro dia encontrei-me com uma freira da Guatemala, que trouxe notícias do Núncio Apostólico da Guatemala; ele trabalhou aqui na Nunciatura como padre de carreira, e naquela época trabalhava com os favelados em Brasília. Lembro-me de que uma vez o convidei para ir a São Paulo num fim de semana, parto de uma de nossas assembleias e ele disse que não iria porque tinha um compromisso com os favelados. Soube agora que esse irmão, lá na Guatemala, disse para uma freira italiana que elas não podiam trabalhar evangelizando apenas os pobres, tinham que evangelizar os ricos também. Mandei lembranças e um recado para ele: os pobres de Brasília têm saudades dele, e que descobri que nem ele nem eu temos condições de evangelizar rico algum, só os pobres é que podem evangelizar, os excluídos – hoje nem mais os pobres, apenas os excluídos, isto é, humanizar a todos nós que não somos excluídos. Porque é na exclusão deles que se descobre o que é ser gente, viver em comunhão, em partilha, em solidariedade. Não tenho condição de evangelizar rico algum, porque também não sou excluído. Isso é o que posso testemunhar para vocês, com simplicidade de pastor, não como exercício acadêmico.
Obs.: Os negritos itálicos são os destaques do texto original; os negritos e os negritos vermelhos são destaques nossos.

SUGESTÕES DE LEITURAS
Os teólogos da libertação – Battista Mondin, Ed. Paulinas, 1980.
Opção pelos pobres – Jorge Pixley, Clodovis Boff. Vozes, 1986 – Petrópolis
A teologia da libertação – Leonardo Boff. Vozes, 1990
Questões fundamentais da filosofia – A. C. Ewing (Cap. 11 – Deus) Zahar, 1984 - RJ

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