quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O desespero da direita midiota

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LULA AINDA SERÁ ALVO DE SEIS GOLPES ATÉ 2019


Segundo Gustavo Santos, além do TRF4, ainda haverá várias tentativas de sabotar a administração Lula, como o semiparlamentarismo, a fraude eleitoral e até mesmo uma eventual tentativa de golpe militar; confira sua análise


Por Gustavo Antônio Galvão dos Santos, doutor em economia

Já está mais do que evidente, para quem entende minimamente de comportamento eleitoral, que será impossível acharem algum candidato que possa vencer Lula em 2018.


Aliás, para poder impedir que Lula em 2019 vença no 1º turno, eles vão ter que colocar como candidatos todas as celebridades disponíveis: dois juízes pavões, um apresentador de TV, dois “gestores”, um santo, dois esquerdistas refinados, dois esquerdistas bravos, uma fada da floresta, um messias armamentista, um banqueiro ministro, um verde, um bando de pastores mui santos etc.

Será um zoológico de candidatos como nas eleições de 1989. Na prática, todos contra a vitória do Lula no primeiro 1º turno. Com muito esforço, muito dinheiro, muitos belos discursos e muitas mentiras, talvez consigam juntos impedir que Lula vença no primeiro turno. É o máximo que podem conseguir.


Eles sabem disso.

O golpe não foi dado para devolver o governo para o escolhido do povo e, assim, correr o risco de perder as “conquistas” que Temer ofereceu aos ‘donos do poder’. Por isso darão todos os golpes possíveis para impedir que Lula volte a ser presidente.

Haverá assim, pelo menos, mais 6 tentativas de golpe.

A primeira, todo mundo já sabe, será a condenação do Lula no TRF4, onde julga o compadre do Moro.

Enquanto isso, tentarão dar o segundo golpe, o do parlamentarismo ou “semipresidencialismo”.

O terceiro seria o que o genial Wilson Ferreira do blog Cinegnose chama de bomba semiótica. No caso, seria uma operação de sabotagem planejada teatralmente com a grande imprensa para ser divulgada de forma espetacular. Algo que possa chocar a Nação tipo um assassinato ou uma queda de avião. Isso pode ser contra inimigos ou aliados em potencial de Lula. Se for contra um inimigo seria algo que pudesse depois ser atribuído a Lula ou a algum apoiador. Se for contra um aliado pode ser algo que elimine uma base de sustentação fundamental a Lula e derrube a confiança de seus apoiadores. Esse alvo espetacular pode estar no Congresso, no judiciário, nas Forças Armadas ou ser alguém que tenha importância eleitoral. Pré-candidatos, juízes ou militares tendem a ser os alvos mais óbvios.


A quarta tentativa de golpe será a fraude eleitoral. O sistema de voto eletrônico brasileiro já convive com fraudes há muito tempo e nada pode ser feito contra elas porque o sistema é inauditável. Na prática, é possível escolher quem será eleito, sem nenhum vestígio legalmente comprovável de fraude. Além disso, quem vai investigar e julgar os acusados de fraude é o mesmo órgão que define todas as regras, administra todas as urnas, seus algoritmos e toda logística da eleição, Ou seja, quem podem fazer a fraude é quem vai julgá-la. E não é preciso pesquisar muito para saber de que lado esse órgão está. A fraude eleitoral em Honduras foi só mais teste antes de ser usado no Brasil.


A quinta tentativa de golpe será militar. Um golpe militar está sendo preparado no Brasil pelo menos desde 2013. Para isso adestraram uma parte da população para apoiar entusiasticamente tanto um golpe militar quanto qualquer tipo de saída através da violência. O fanatismo em torno da candidatura de Bolsonaro, adulado como “O Mito” por seus seguidores, é só uma evidência mais óbvia.

A sexta tentativa ocorrerá depois da reeleição de Lula em 2018. Será uma reedição do ‘Grande Cerco contra Dilma’ após a eleição de 2014. ‘O Grande Cerco contra Dilma’ já é uma figura clássica de golpe, quando se utiliza todas as armas simultaneamente contra um chefe de governo.


A sexta tentativa de golpe é a combinação das cinco acima citadas. Elas serão redirecionadas, no caso de não serem bem sucedidas, para ao menos produzir um Congresso e uma mídia mais hostil, um judiciário e um ministério público mais persecutórios e um clima de ódio, divisionismo e conflito civil ainda maior.

A sexta tentativa de golpe é a união de todas as armas golpistas articuladas para tentar colher pequenos recuos cumulativos por parte do futuro Presidente Lula a partir de 2019. Uma vez reeleito, à medida que Lula for cedendo espaços e recursos de poder, perderá a credibilidade frente aos apoiadores e capacidade de reação. Ao mesmo tempo, os recuos farão os inimigos se recuperarem dos desgastes do governo Temer e das derrotas em múltiplas tentativas de golpe.


É a única forma de impedirem que Lula reorganize seu novo governo a tempo de obter resultados, consolidando novamente uma fortaleza inexpugnável de popularidade. Se os inimigos de Lula puderem colher recuos, vacilações e quebras de promessas como colheram de Dilma em 2015, poderão novamente acumular recursos de poder e credibilidade junto ao povo para um golpe definitivo.

Todas essas tentativas de golpe acontecerão. É tão inevitável quanto uma picada em quem confia em escorpião. Os inimigos da vontade popular estão obcecados e tem à disposição todos os recursos necessários para promover esses golpes com, aparentemente, um mínimo custo ou risco.

Mas acredito que todos esses golpes fracassarão. Lula até agora teve muita sorte. Algo nos diz que essa sorte não acabará enquanto ele estiver defendendo as causas básicas do povo.

Todavia, sem um dispositivo amplo de defesa, cada golpe poderá causar grandes feridas e sofrimento. E não convém só contar com a sorte.

O antídoto aos golpes, um dispositivo amplo de defesa e reação contra esses golpes vai muito além de campanhas eleitorais. É preciso fortalecer vínculos sólidos com um conjunto de aliados mais amplo. Aliados que possam reagir contra cada uma das tentativas de golpe citadas, mas que sejam realmente leais, mesmo após as eleições.

Uma lealdade real só pode ser conquistada com a comunhão de ideais, caminhos, projetos e utopias. Hoje o PT ainda está oferecendo muito pouco nesse sentido. Está se baseando quase que apenas na recuperação das conquistas de seus governos.

Isso é insuficiente para conquistar partes importantes dos empresários produtivos, da classe média, do funcionalismo público, das forças armadas, da intelectualidade, dos outros partidos e políticos de esquerda, dos sindicatos, movimentos sociais recalcitrantes e dos jovens.

Todos esses setores se sentem parcialmente descontentes, não contemplados ou pouco entusiasmados com o simples retorno ao que foi o governo Lula. Promessas específicas a cada um desses setores tendem a ter um impacto pequeno porque carecem de credibilidade. Além disso, podem gerar contradições e objeções mútuas entre esses grupos ou, ainda, com outros grupos de aliados fiéis ou potenciais de Lula.


O antídoto a todos esses golpes é conseguir um discurso unificado que garanta aliados fiéis em todos os grupos citados acima e que, não por acaso, são base de apoio fundamental em todos os tipos de golpe.

Esse discurso precisa se alimentar de um arcabouço e uma narrativa que sintetize e unifique o interesse de todos esses grupos e ao mesmo tempo seja já conhecida, compreensível e crível.

Essa narrativa existe e é compatível com as propostas e história do Lula. É o nacional-desenvolvimentismo de Vargas, de Juscelino, de Jango, de Brizola e de parte dos militares nacionalistas. O nacional-desenvolvimentismo propõe altas taxas de crescimento, investimento pesado em tecnologia e infraestrutura, além de Estado e Funcionalismo Fortes. Essas políticas favorecem os setores mais receosos em relação a Lula.


Se Lula abraçar com credibilidade esse discurso, terá em mãos o antídoto que eliminará boa parte do isolamento e da indiferença em relação a ele nos grupos que podem desmontar os golpes vindouros antes que causem grandes danos. Essa credibilidade precisa ser conquistada por meio da atração de aliados leais que sejam historicamente ligados ao discurso e aos interesses beneficiados pelo nacional-desenvolvimentismo. Caso contrário, será visto como um discurso meramente eleitoreiro.

Se nenhum desses golpes der certo – como os planos do Cebolinha para roubar o coelhinho da Mônica – Lula tomará posse em 2019 e fará seu melhor governo até 2022, quando o Brasil terá muito que comemorar no bicentenário de nossa independência!

PEC do Teto dos Gastos inviabilizou a educação pública no país, diz Dermeval Saviani

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PEC do Teto dos Gastos inviabilizou a educação pública no país, diz Dermeval Saviani
Em entrevista ao Brasil de Fato, o filósofo e pedagogo critica as medidas de Temer e aponta caminhos para a resistência
Mauro Ramos Brasil de Fato | São Paulo (SP), 8 de Dezembro de 2017 às 10:57
Para Saviani  - Créditos: TV Contee
Para Saviani / TV Contee
Dermeval Saviani, tem 73 anos. Ele é considerado o criador da chamada Pedagogia Histórico-Crítica, que visa, segundo expressa o próprio autor no livro A pedagogia no Brasil: história e teoria (2008, Autores Associados), que o ponto de referência da educação seja o compromisso de transformação da sociedade em vez de sua manutenção ou perpetuação.
Autor de diversas obras sobre a questão educativa no Brasil, Saviani tem uma visão crítica sobre as políticas que vem sendo implementadas sob o governo golpista de Michel Temer (PMDB).
Em entrevista ao Brasil de Fato, Saviani afirmou, por exemplo, que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, conhecida como PEC do Teto dos Gastos, que congela os investimentos públicos durante 20 anos, inviabilizou o Plano Nacional de Educação (PNE), criado em 2014 pelo governo da presidenta Dilma Rousseff. O PNE previa aumentar o valor dos investimentos na educação pública gradativamente em um período de dez anos.
O pedagogo, que é professor emérito da Universidade de campinas (UNICAMP), também criticou a reforma do Ensino Médio decretada neste ano pelo governo Temer através da lei n.º 13.415, e cuja implementação pode ocorrer entre 2019 e 2020. Para Saviani, a reforma significa um retrocesso que nos levaria para a década de 1940, já que as atuais mudanças propostas são comparáveis às leis orgânicas criadas nessa época, que previam um ensino secundário diferenciado para “elites condutoras”, e outro para "o povo conduzido", conforme explica.
Durante a entrevista, Saviani ainda falou sobre a iniciativa chamada de “Escola Sem Partido”, a qual considera “uma proposta que procura se sintonizar com a visão fundamentalista das seitas religiosas”, e apontou caminhos para a construção de resistências às políticas de retrocessos que estão impactando na educação brasileira. 
Confira a entrevista na íntegra:
Brasil de Fato: Em sua fala recente, você citou diversos retrocessos do governo golpista de Michel Temer. Um deles é a inviabilização do Plano Nacional de Educação de 2014. Por que ele ficou inviabilizado e quais as consequências?
Dermeval Saviani: Um dos pontos chaves que provocou o golpe foram os interesses econômicos do sistema financeiro, daí o foco na dívida e nas contas públicas, para fazer caixa, para fazer o superávit primário, para o pagamento dos bancos. Isto levou àquela emenda constitucional, a chamada PEC do Fim do Mundo, que congelou por 20 anos os gastos públicos, limitada apenas à inflação do ano anterior.
Então, isto inviabiliza o Plano Nacional de Educação (PNE) porque as metas do plano estão vinculadas aos recursos financeiros. Uma das metas principais, a meta 20, que determinava atingir 7% do PIB [para o investimento na educação] nos primeiros cinco anos, chegando a 10% ao final do período de dez anos. Como o plano foi aprovado em 2014, então a meta de 10% do PIB, deveria ser atingida até 2024.
Com a aprovação da emenda constitucional por 20 anos, impedindo investimentos públicos, e iniciando-se a partir de 2017, isto conduz essa limitação até 2037. Como o plano vence em 2024, as metas ficaram inviabilizadas; algumas delas que deveriam ser atingidas no prazo de 2 anos, portanto em 2016, já venceram e não foram atingidas, e aquelas cujo vencimento se estende até 2024, também estão inviabilizadas por conta dessa PEC.
O senhor critica o fato da reforma do Ensino Médio ter sido feita sem diálogo com os atores principais da educação. Quais os problemas que apresenta esta reforma?
Essa é uma reforma que, na verdade, implica um retrocesso para a década de 1940, quando estava delimitada a formação profissional de um lado e a formação das elites de outro. Então, em 1942, o decreto que é conhecido como Lei Orgânica do Ensino Secundário, determinava que o ensino secundário se destinava às elites condutoras, e nesse mesmo ano de 1942, foi baixado um outro decreto, conhecido como Lei Orgânica do Ensino Industrial, regulando o ensino industrial, com o mesmo período de duração do ensino médio, quatro anos de primeiro ciclo, chamado ginásio, e três anos do segundo ciclo, o colegial, para formar os chamados técnicos de nível médio. Se o ensino secundário era destinado às elites condutoras, infere-se que o ensino profissional era destinado ao povo conduzido. Em 1942 foi a Lei Orgânica do Ensino Industrial, e em 1943 a do Ensino Comercial, depois em 1946 saiu a do Ensino Agrícola.
No caso dessa reforma atual, eles preveem cinco itinerários: os quatro primeiros correspondem àquelas áreas do antigo ensino secundário, e o último é o ensino profissional. Argumenta-se que esses itinerários são para flexibilizar o curso e permitir a escolha dos alunos. Mas isso é um outro absurdo porque estariam atribuindo a adolescentes de 15 anos, a responsabilidade de definirem o seu percurso, os seus projetos de vida.
Como é que um adolescente de 15 anos vai ter um projeto de vida para poder escolher já entre os cinco itinerários, àquele que corresponde ao que ele pretende desenvolver na sociedade? Nós sabemos que os jovens de 18, 20 anos que ingressam no ensino superior não têm clareza ainda da opção.
Então, na verdade, isto por um lado é uma justificativa falsa porque a tendência é que a maioria vá para esse itinerário profissional; inclusive, segundo a justificativa que normalmente se apresenta com esse itinerário ele teria imediatamente a chance de ter um emprego, enquanto que nos outros itinerários ele dependeria de ir para o ensino superior. De outro lado, não há garantia de que as escolas ofereçam os cinco itinerários. Então, a tendência vai ser oferecer dominantemente o quinto itinerário de formação profissional, e algum dos outros de forma mais restrita.
Por detrás disto está o entendimento de que a grande maioria vai para aquelas profissões de caráter não-intelectual, que implica maior precariedade e salários mais baixos. Então, a diferença entre as elites condutoras e a população trabalhadora de modo geral, proclamada lá na reforma de 1942, tende a se acentuar com uma proposta como essa.
Você têm afirmado que a proposta da "Escola Sem Partido" é, na verdade, uma proposta de Escola de Partidos, ao ser uma iniciativa de partidos da direita. Quais são os riscos de propostas como esta?
Quando esse movimento de Escola Sem Partido procurou traduzir em projetos de lei, tanto no Congresso Nacional, como nas Assembleias e nas Câmaras Municipais, [percebeu-se que] trata-se de uma proposta visando a cercear a formação crítica dos alunos por parte dos professores. Uma proposta que visa a cercear a liberdade de pensamento, que é prevista como um direito na Constituição. Uma proposta que procura se sintonizar com a visão fundamentalista das seitas religiosas, pretendendo que os professores nas escolas, se limitem a uma formação isenta de criticidade e de capacidade analítica dos alunos. Então, se trata de uma proposta que visa, em última instância, a conformar a população à ordem estabelecida, e nesse sentido, é uma proposta conservadora e mais do que isso, reacionária.
Por último, o senhor vem falando da necessidade de "resistências ativas" no âmbito educativo. O que já está sendo feito nesse sentido e quais elementos devem ser levados em conta no futuro próximo para fortalecer estas resistências?
O que eu venho propondo é a retomada dos Fóruns em Defesa da Educação Pública, tanto no âmbito local, como no regional, no nível dos estados, e no nível nacional. Esses fóruns são uma experiência que já aconteceu, como o Fórum em Defesa da Escola Pública na Constituinte, que as propostas dos educadores para figurar no capítulo da educação na Constituição foram apresentadas, e, de fato, conseguiu-se que praticamente a totalidade fosse incorporada à Constituição.
Depois, esse fórum se manteve na discussão da LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional], e isto possibilitou alguns avanços na tramitação na Câmara dos Deputados. Entre 1989, quando começou a tramitação, o projeto foi encaminhado como uma novidade porque, tradicionalmente, os projetos de lei de educação são de iniciativa do Executivo, mas nesse caso, em dezembro de 1988, deu entrada na Câmara Federal, o projeto de LDB oriundo do movimento dos educadores.
E aí tramitou de 1989 até 1994, quando foi aprovado na Câmara dos Deputados, com idas e vindas, havia o Centrão lá fazendo resistência, impedindo, por exemplo, que o título de Sistemas Nacionais de Educação fosse introduzido, então mudou-se para Organização da Educação Nacional, mas com alguns avanços importantes. Só que aí, passando para o Senado, veio a nova legislatura com o governo FHC [Fernando Henrique Cardoso], que assumiu em março de 1995, e todo esse trabalho foi posto de lado e apresentado um substitutivo, de iniciativa do senador Darcy Ribeiro, articulado com o MEC [Ministério da Educação e Cultura], sendo aprovado e resultando na atual LDB que, do ponto de vista dos educadores, apresenta vários limites. E aí a mobilização continuou com os Congressos Nacionais de Educação que elaboraram uma proposta de Plano Nacional de Educação, que também se antecipou do governo.
Então, esse é um movimento de resistência que avança em alguns momentos, em outros momentos acaba não conseguindo muitos avanços, mas que é necessário para evitar os retrocessos e retomar os avanços que os educadores vêm defendendo já há várias décadas como necessários para o desenvolvimento da educação pública e o atendimento das necessidades educacionais da população.
É importante não só retomar, mas ampliar, não ser fóruns organizados apenas para as entidades do campo educacional, mas incorporando também as entidades do campo sindical, dos sindicatos dos trabalhadores e dos movimentos sociais populares, para reforçar essa mobilização e, nesse sentido, fazer reverter as medidas retrógradas que o atual governo vem tomando.
Edição: Simone Freire

Seria isso mesmo?

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AS ESCOLAS BRASILEIRAS E SUA MANIA DE ENSINAR

por Pedro Demo

Professor gosta de “ensinar”. Confunde com aprender, porque acha que aprender deriva de ensinar. Daí o acento tão obcecado em aula, que os grevistas aproveitam para badalar: greve significa suspensão de aula. O “resto” pode funcionar, menos aula, pois acha-se que sem aula a escola não existe. Escola é lugar de aula, é um conjunto arquitetônico de salas de aula e o professor tem como função central “dar aula”. Ainda não acordamos para um tipo totalmente diferente de escola – um lugar para estudar, ler, pesquisar, elaborar, exercitar autoria, argumentar, apresentar ensaios etc. Chamamos de “estudante” alguém que pode fazer muita coisa na escola, menos “estudar” – sua função básica é escutar aula, tomar nota e fazer prova. Depois desse besteirol, vem um diploma (vazio). Este é o “sistema de ensino” vigente, que os dados do IDEB castigam veementemente – está em queda livre, também na escola privada (em especial no ensino médio e nos anos finais) – mas o MEC salvaguarda como o tesouro educacional do país.

Professor como “ensinador” esvaiu-se, a ponto de haver já faculdade “sem professor”, concebida por bilionário francês, primeiro em Paris, agora também no Vale do Silício, somente para a área de programação digital e similares, e, ainda, gratuita. É uma área tradicionalmente autodidata – lembremos que computador começou com partes soltas agregadas por interessados que sabiam programar digitalmente. Um experimento sui generis nesta área também chamou a atenção: Computer Clubhouse (Kafai et alii, 2009. Demo, 2012) – após a aula, estudantes pobres se reúnem numa sala grande com mais ou menos 25 computadores de bom porte, para exercitar autorias digitais (animação, robótica, editoração, coding, videogames etc.), onde não pode haver aula, nem professor, nem aula, prova e repasse. Ao centro do recinto há uma mesa e tem um “mentor”, para organizar a “bagunça” (regras de jogo). Visto como experimento muito exitoso, mostra que aprender é atividade de quem aprende – não está na aula do professor. Este é “mediador”, como sempre se afirmou em educação. Os adolescentes aprendem juntos, dos mais experimentados, montando sua autoria passo a passo. Aula nunca fez qualquer falta.

Mesmo assim, não comungo com a ideia de acabar com professor. Ao contrário. É figura fundamental, mas como “aprendiz”, parceiro, orientador, avaliador, ou seja, “mediação”. Ocorre algo similar com pais e progenitores: são mediadores, mas fundamentais. A neurociência – inteira – sustenta esta ideia. Mas a escola acha que pode “ensinar”, só ensinar, como se fosse um “cursinho”, daqueles privados oferecidos a milhares de estudantes para concurso ou vestibular, onde só há aula… O IDEB tem mostrado a inépcia desta proposta, em especial no Ensino Médio da escola privada: além não atingir a meta de 2015, regride desde 2013. Mas o império do ensino não se abala, porque continua sendo a Meca do vestibular e do concurso. Professor tem como compromisso pedagógico cuidar da autoria dos estudantes, todo dia, avaliando-o por aquilo que produz. A escola vale, concretamente, pela produção estudantil, não pela aula docente. A razão é clarividente: aprendizagem acontece na mente do estudante que estuda, não na aula do professor. Esta é perfeitamente descartável, embora ele, não.

A mania do ensino avassala a escola. Enquanto os dados indicam que é um desastre sonoro e provocativo tocamos esta charanga impavidamente, como a orquestra do Titanic – o barco está afundando, mas para desviar a atenção tocamos com tanto maior furor! Professor é referência importantíssima na escola, mas não no papel de “ensinador” – este se esgotou. O que não falta na escola é, precisamente, ensino. O estudante aprende quando, por motivação intrínseca, se dedica a estudar e a outras atividades autorais, porque aprendizagem só sucede quando autoria emerge. Assim, papel docente é provocar esta autoria no estudante. Não pode ler, estudar, pesquisar por ele. Uma vez, o MEC resolveu passar o ensino fundamental de oito para nove anos. Qual o resultado? Os anos finais estão em bancarrota, ou seja, a proposta não foi só inepta, foi contraproducente. Só atrapalhou os estudantes, porque não faz sentido aumentar aula. A maneira mais eficaz de reduzir aprendizagem é aumentar aula.

Mas não há qualquer sinal oficial de mudança, porque o sistema está montado na aula. Mantém-se porque é o palco preferido docente, contando com público cativo (nem tanto hoje em dia), sistemática diária, afagos no ego, pretenso status social etc. A cada momento o MEC pretende “reformar” alguma coisa neste sistema caduco de ensino, como foi a “reforma do ensino médio” recente, indicando que o problema seria curricular. É, em parte, mas nem de longe o problema maior. Este é que praticamente ninguém aprende, exigindo mudanças “pedagógicas” radicais que passam, entre outras, coisas pela reinvenção do professor; de “auleiro” precisa passar a “mediador” de atividades autopoiéticas dos estudantes, como sugere a neurociência. Não há qualquer perspectiva de que tais “reformas” reformem alguma coisa importante, mesmo implicando investimentos. A proposta não acarreta qualquer avanço pedagógico – teremos o mesmo IDEB, muito provavelmente piorado. Bastaria ver o último PISA (2016). A escola baseada em aula é uma fraude oficial.

Podemos sugerir que o problema tem a ver com o professor, ainda que não em correlação linear (que não existe, a bem da verdade). Quando o professor não aprende – apenas teve aula na faculdade – faz na escola o que fizeram com ele na faculdade – só dá aula, parecendo-lhe o pináculo de sua função escolar. Vai se consolidando a prática desastrosa: quem não aprende, dá aula. O licenciado em matemática não pode ser diretamente responsabilizado pela calamidade pública que é matemática na escola, mas tem a ver com o problema indiretamente. A pergunta se instala imediatamente: por que não se aprende matemática? Em parte é porque o professor, não tendo aprendido matemática, não sabendo o que é aprender matemática, mas “treinado” alegremente em dar aula de matemática, massacra matemática. Este resultado é ainda mais flagrante quando se comparam resultados com os anos iniciais, onde trabalha o pedagogo – sua matemática funciona bem melhor (está, em geral, em ascensão). Tem-se, então, a impressão de que a licenciatura atrapalha visivelmente o professor de matemática. Aula não falta. Só tem. Não existe aprendizagem. Assim, diria que os dados sugerem dois desastres conjugados: matemática e aprendizagem estão em extinção.

Ao final, porém, se professor é problema, é principalmente a melhor solução. Precisamos cuidar dele, religiosamente, também porque é o mediador maior de qualquer inovação escolar. O desafio é fazer dele um pesquisador, cientista, autor, oferecendo chances de exercitar autoria com devida educação científica. Esta colocação já descortina vazios clamorosos de sua formação original: nunca foi levado a produzir ciência, a estudar métodos e técnicas, bem como metodologia científica, a ser avaliado por ensaios (não por provas), não sabe pesquisar, apenas reproduzir. Foi vítima de um “anticurso”, cuja função mais ostensiva pareceu ser atrapalhar sua aprendizagem. Chega à escola literalmente “pelado”, sem eira nem beira, totalmente despreparado para a função, também porque o curso nunca lhe deu chance de “estágio” verdadeiro. É amador. Todo amador vive de aula. Cumpre agora fazer dele um profissional, não do ensino, mas da aprendizagem. Não é enigma. Todo professor, mesmo muito destituído, é do ramo. Sabe, de alguma forma, o que é conhecimento autorrenovador, aprendizagem autoral, pesquisa e educação científica. Não teve oportunidade. Precisamos garantir isso a ele, para que possa engendrar um estudante pesquisador, cientista, autor.
09/12/17, 14:29 - JKim: Interessante
09/12/17, 14:30 - EVANDIR: Pedagogia de Projetos... seria uma saída
09/12/17, 14:33 - JKim: Uma possibilidade mas a maioria de nós odeia projetos

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Um duro chamado à esperança: imbecis do Brasil, uni-vos! Ou as controvérsias da classe mérdia...

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Um duro chamado à esperança: imbecis do Brasil, uni-vos!

Por Diario do Centro do Mundo - 3 de dezembro de 2017

https://i2.wp.com/www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2017/12/gr.jpg?resize=600%2C400
Texto originalmente publicado no site Carta Maior:
Este atual instante de crise do Brasil 2017 é a “grande oportunidade de mudança no meio das trevas em que vivemos hoje,” escreve o autor do best seller A elite do atraso – da escravidão à lava jato, o sociólogo Jessé Souza, de 57 anos, das mais brilhantes e inovadoras vozes da sua geração na análise e crítica social e política do país. Um dos vencedores do Premio Jabuti deste ano, a ser entregue amanhã (dia 30/11), ele está na lista dos mais vendidos da Publisher News neste fim de ano.
No último parágrafo desse seu livro lançado há menos de dois meses, o fecho da trilogia A tolice da inteligência brasileira, de 2015 e A radiografia do golpe – entenda como e porque você foi enganado (2016) * ele exorta: “A esperança de hoje tem que ser uma adaptação contemporânea do velho chamado aos explorados: os feitos de imbecis de todo o país: uni-vos! (…) recuperemos nossa inteligência, voltemos a praticar a reflexão autônoma que é a chave de tudo que a raça humana produziu de bonito e de distinto na vida da espécie.”
Ex – presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Jessé Souza nasceu no Rio Grande do Norte e tem formação em Direito, Sociologia, Psicologia e Filosofia, respectivamente no Brasil, Alemanha e Estados Unidos. É professor titular de Sociologia da Universidade Federal do ABC.
Na sua obra, ele produz um retrato avançado e vigoroso das classes sociais do país e das renitentes e imensas desigualdades entre elas – entre os mais de vinte livros publicados, de sua autoria. Constrói uma poderosa alternativa arejando as idéias, até então pilares tidos como indiscutíveis do conhecimento especializado, de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro. Sai-se bem e preciso nesse seu desafio que se estende às esquerdas. Para ele, elas sempre foram colonizadas pelo falso moralismo do discurso da direita. “Não é atoa que Sergio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro, baluartes do moralismo conservador, são heróis da esquerda. ’’
Permeiam o seu trabalho referências ao sociólogo francês Pierre Bourdieu, ao filósofo canadense Charles Taylor e a Florestan Fernandes – este, no que se relaciona à construção do conceito de ‘’subcidadania. ’’
A tese de Souza é esta: no Brasil moderno há quatro classes. A dos ‘’endinheirados, classe dominante, que explora materialmente as demais. As intermediárias se situam entre a elite do dinheiro dominante e os que dominam simbolicamente todas as outras. ’’ A segunda, a classe média e suas diversas frações que possuem o que ele chama de capital cultural. ‘’ Os juízes que julgam, os professores que ensinam, jornalistas que escrevem. A classe trabalhadora, precária na imensa maioria, é a terceira.” À quarta, a dos excluídos, chama, provocador, de ‘’ralé brasileira’’. Situa-se abaixo da linha de ‘’dignidade’’, como enfatiza.
Na sua análise oposta ao economicismo, sobre os excluídos ele escreve: ‘’Os excluídos não são apenas pobres economicamente. Faltam os estímulos afetivos e morais para o sucesso escolar e depois profissional que a classe média possui como seu principal privilégio desde o berço. ’’
‘’A única classe ‘consciente de si’ entre nós é a elite da rapina, ’’ observa Jessé, e oferece um perfil certeiro dos ‘’endinheirados’’: precisam mostrar que não é o dinheiro que marca seu estilo de vida, mas um gosto inato. “Precisam de algum capital cultural para ser aceitos em seu grupo e não passarem por ‘broncos’. Entender de vinhos caros, comidinha gourmet, ternos cortados à mão. Esses conhecem ‘’as ilhas exclusivas do Oceano Índico onde seus pares levam suas amantes preferidas.’’
‘’Se nossas classes médias – que efetivamente poderiam ser mais inteligentes do que são – são feitas de tolas todo dia pelas doses diárias de veneno midiático, imaginemos as classes abandonadas que não têm defesa cognitiva possível a esse tipo de ataque a não ser o racionalismo prático do dia a dia que a fazem escolher os líderes que efetivamente melhoram seu bem estar concreto e aumentam suas chances de vida.’’
A classe média é o ‘’instrumento e tropa de choque’’, na classificação de Jessé, dos interesses do mercado – interesses que elas nem compreendem direito o que significam. (É uma classe) ‘’que pisa nos debaixo e faz salamaleques para os de cima.’’ E o pior: ‘’Acha-se dona de uma tradição intelectual pseudocrítica que demoniza o estado.’’
Em A radiografia do golpe, o autor realça a novidade da cooptação da fração corporativa do aparato jurídico-policial do estado. Sublinha a restrição dos direitos individuais que contribuem para que ela aumente ainda mais o seu próprio poder. ‘’Uma casta com altos salários e vantagens que fogem da transparência, que adorou posar de guardiã da moralidade. Aumentou seus privilégios colonizando a agenda do estado. ’’
Ele próprio alvo de ataques e ao seu A elite do atraso, Jessé escreveu, há dois meses, num artigo publicado em jornal paulistano: “(…) meu crime, agora, foi ter me transformado em um autor que toca nas questões essenciais, em um país saqueado e sem rumo, com uma linguagem que as pessoas comuns podem entender. Isso é intolerável para uma parte da academia – inclusive da esquerda ou que se imagina enquanto tal – que nunca se identificou com o estudo das questões reais do país e que usam seu capital cultural como outros usam o dinheiro. ’’
Nesse texto, e na sua linguagem eloquente e acessível, Souza lembra ‘’(…) ter sido estimulado por alguns dos melhores pensadores vivos para tornar o mundo social e suas fraudes compreensíveis para um porteiro e para uma enfermeira. Esse é meu verdadeiro crime para meus detratores. ’’
Na sua radiografia do assalto ao poder do ano passado, trabalho escrito em 2016, no calor do cavalo-de-pau político desfechado pelos golpistas e na ruptura brusca (embora traiçoeira e fermentada há anos) do processo democrático, ele anota que ‘’seja para assaltar um banco, seja para assaltar a soberania popular, é sempre mais fácil achar aventureiros para a empreitada do que dividir o bolo. Na hora de dividir o butim do golpe é que surgem os conflitos. Essa é a fase em que estamos hoje. A luta de morte aqui é para salvar as aparências. Nem todos conseguirão. ’’
Jessé Souza finaliza o ano com agenda intensa. Participará de debates este mês na PUC/SP e na Unicamp e fará vários lançamentos de A elite do atraso – ou como o país se deixa manipular pela elite – terceira reimpressão em menos de dois meses.
Neste, ele destaca a atuação da Globo no golpe. “A Globo, em associação com a grande mídia a maior parte do tempo, e a Lava jato, fizeram (…) a todos nós de perfeitos imbecis. A título de combater a corrupção dos tolos, turbinaram e legitimaram a corrupção real como nunca antes neste país das multidões de imbecilizados.”
Ler Jessé Souza é indispensável para quem deseja, com honestidade e sem parti pris, compreender a lamentável situação do Brasil pós-golpe – fracassado, no seu significado estrito – e o silêncio ou a aparente indiferença, muitas vezes dissimulada, de grandes frações da classe média.
“Será que vale a pena tudo isso para manter os escravos no seu lugar? ’’ ele indaga. ‘’O amor de grande parte da classe média pela elite é amor de mulher de malandro. ’’ Mas Souza acena com a esperança nos novos ventos que virão: ‘’Afinal, tudo que foi feito por gente também pode ser refeito por gente.’’
E atenção: para 2018 ele promete a reedição do seu A construção da sub-cidadania.
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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Jornada Continental convoca a luta unitária dos povos do continente contra a agenda neoliberal e em defesa da democracia

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Jornada Continental convoca a luta unitária dos povos do continente contra a agenda neoliberal e em defesa da democracia

Montevidéu, capital uruguaia, sediou na última semana o Encontro da Jornada Continental pela Democracia e contra o neoliberalismo. Cerca de 3000 militantes, de 23 países, estiveram reunidos para debater os impactos da ofensiva neoliberal na nossa região e discutir estratégias e agendas de luta, entre eles um expressiva delegação brasileira, da CUT e da CSD – CUT Socialista e Democrática.

A Jornada teve início em 2015, quando dezenas de organizações de luta reuniram-se em Havana, nos marcos dos 10 anos da derrota da ALCA e buscam, desde então, a rearticulação das ações frente à ofensiva neoliberal e o ataque às democracias. Para este ano, definimos a construção prioritária do Encontro de Montevidéu como um espaço capaz de ampliar o alcance da jornada e impulsionar um calendário de luta internacional unitário para 2018.

Como forma de organizar nossa unidade e nosso debate, ao longo do processo da jornada, definimos quatro eixos fundamentais de debate, elaboração e organização das nossas lutas: a defesa da democracia e da soberania, a luta contra o livre comércio, o combate ao poder das transnacionais e a integração dos povos.
Em Montevidéu realizamos atividades de luta, a exemplo de uma grande marcha de abertura, e ao longo de dois dias debatemos em painéis e mesas de discussão a conjuntura, os parâmetros da nossa unidade e os desafios das nossas lutas em torno de cada um dos eixos da jornada.

A síntese dessas discussões nos levou a uma plenária de convergência, na qual foi apresentada e debatida a declaração final do encontro que sistematizou os parâmetros da nossa unidade e nossas principais agendas de luta, iniciando ainda este ano com a mobilização em repúdio a Cúpula Ministerial da OMC em Buenos Aires no mês de dezembro.

Para 2018 definimos como prioridades as mobilização unitária no dia 8 de março e no 1º de maio; a presença e defesa da nossa agenda comum contra o livre comércio, no Fórum Alternativo Mundial da Água - FAMA, em Brasília, no mês de março; a mobilização contrária e o repúdio à Cúpula das Américas em junho, no Peru, e à cúpula do G20 que acontecerá no segundo semestre, em Buenos Aires, espaços que buscam restabelecer a hegemonia neoliberal no continente e, por fim, convocar os povos e movimentos do continente a mobilizarem-se de maneira unitária, combativa e solidária, em todos os países na semana de 19 a 25 de novembro, reivindicando a agenda acordada em Montevidéu, como expressão da ação dos nossos povos em defesa da democracia e contra o neoliberalismo.

Acesse ou veja abaixo (Formato PDF) a íntegra da Declaração Final do Encontro de Montevidéu (espanhol): http://bit.ly/JornadaDeclaração

ANEXO
A CUT e a CSD participaram ativamente da cobertura colaborativa do Encontro de Montevidéu. Acesse conteúdos que selecionamos para você:

📹 Nalu Faria sobre a agenda unitária definida no Encontro de Montevideu - http://bit.ly/JornadaNaluFaria

📹 Dr. Rosinha fala sobre o debate de integração dos povos na jornada - http://bit.ly/JornadaDrRosinhaIntegracao

📹 Daniel Gaio fala sobre o Fórum Alternativo Mundial da Água - FAMA na agenda da Jornada - http://bit.ly/JornadaDaniel

📹 Rafael Freire fala sobre os desafios da Jornada – http://bit.ly/JornadaRafaelFreire

📹 Dr. Rosinha, Professor Lemos e Miguel Rossetto falam diretamente da Jornada Continental - http://bit.ly/JornadaLemosRosinhaRossetto

📹 Íntegra do Ato político de Abertura - http://bit.ly/JornadaAtoAbertura

📹 Íntegra do painel Povos em Movimento - http://bit.ly/JornadaPovosemMovimento

📹 Íntegra do painel Desafios frente a onda conservadora e os ataques às democracias com Pepe Mujica   http://bit.ly/JornadaMesa2

📹 Íntegra do debate sobre Livre Comércio, com Daniel Gaio da CUT e Ticiana Studart da Marcha Mundial das Mulheres - http://bit.ly/JornadaLivreComercio

📹 Íntegra da Plenária Final de Convergência - http://bit.ly/JornadaPlenária

📹 Veja vídeo com um pouco da participação da Marcha Mundial das Mulheres na Jornada - http://bit.ly/JornadaMMM

📄 Em Montevidéu, Jornada Continental debate avanço do neoliberalismo - http://bit.ly/JornadaDemocraciaSoberania

📄 Com uma grande marcha, começa o Encontro de Montevidéu por Democracia e contra o Neoliberalismo - http://bit.ly/JornadaAbertura

📄 "Vida humana não pode se resumir a trabalhar e pagar contas", diz Mujica - http://bit.ly/JornadaMujica

📷 Veja a galeria de imagens da Jornada Continental no Flick - http://bit.ly/JornadaFlickr

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A que servimos afinal?

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Por Mia Couto "Preocupa-nos que os nossos estudantes entrem para universidade com fraco desempenho acadêmico. Pois eu acho mais preocupante ainda que os nossos jovens cresçam sem referências morais. Estamos empenhados em assuntos como o empreendedorismo como se todos os nossos filhos estivessem destinados a serem empresários. Ocupamos em cursos de liderança como se a próxima geração fosse toda destinada a criar políticos e líderes. Não vejo muito interesse em preparar os nossos filhos em serem simplesmente boas pessoas, bons cidadãos do seu país, bons cidadãos do mundo.

Escrevi uma vez que a maior desgraça de um país pobre é que, em vez de produzir riqueza, vai produzindo ricos. Poderia hoje acrescentar que outro problema das nações pobres é que, em vez de produzirem conhecimento, produzem doutores (até eu agora já fui promovido..,) . Em vez de promover pesquisa, emitem diplomas. Outra desgraça de uma nação pobre é o modelo único de sucesso que vendem às novas gerações. E esse modelo está bem patente nos vídeo-clips que passam na nossa televisão: um jovem rico e de maus modos, rodeado de carros de luxo e de meninas fáceis, um jovem que pensa que é americano, um jovem que odeia os pobres porque eles lhes fazem lembrar a sua própria origem.

É preciso remar contra toda essa corrente. É preciso mostrar que vale a pena ser honesto. É preciso criar histórias em que o vencedor não é o mais poderoso. Histórias em que quem foi escolhido não foi o mais arrogante mas o mais tolerante, aquele que mais escuta os outros."

(Mia Couto)