"Liberdade é um sonho que a alma humana alimenta, que não há quem explique e ninguém que não entenda!". (Cecília Meireles - Romanceiro da Inconfidência).
O deputado Eduardo Bolsonaro
(PSC/SP) apresentou, nesta segunda-feira (23/5), no Plenário da Câmara
dos Deputados, um Projeto de Lei que criminaliza o comunismo. O PL
5358/2016 altera a redação da Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989 , que
trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor e da Lei nº 13.260,
que tipifica o crime de terrorismo - de 16 de março de 2016, para
“criminalizar a apologia ao comunismo”.
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Nos
artigo 1º e 20 da Lei 7.716, que determina a punição para os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional, o projeto prevê a inclusão de punição
para “fomento ao embate de classes sociais”.
Em outro ponto da Lei, a alteração proposta equipara apologia ao comunismo à apologia ao nazismo: §
1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas,
ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou
gamada, a foice e o martelo ou quaisquer outros meios para fins de
divulgação favorável ao nazismo ou ao comunismo.”
Para
a deputada Lucina Santos (PCdoB/PE) o projeto trata-se de uma
provocação e deve ser ignorado pois não terá força para ser aprovado
pela Câmara. “São idéias reacionárias, retrógradas, que a história
enterrou e argumentos sem fundamentos de pessoas que chegaram a defender
a tortura, o autoritarismo e o Golpe Militar. Isso está sendo só o que
se apresenta para o momento. Um governo golpista como o do Temer só pode
ter como aliado uma pessoa como essa que, na prática, quer criminalizar
os movimentos e inviabilizar a liberdade de expressão e do próprio
processo de quem é excluído por medidas de políticas públicas”, afirma a
deputada.
“Comparar
o nazismo ao comunismo é uma junção de má fé e completa ausência de
conhecimento da natureza da característica desses regimes. Assim como é o
símbolo da foice e do martelo que na verdade é uma aliança entre os
trabalhadores do campo e dos trabalhadores urbanos que também deve ser
de desconhecimento do deputado”, considera a deputada Lucina Santos
(PCdoB/PE).
Terrorismo
Na Lei 13.260, a alteração visa incluir o “fomento ao embate de classes sociais” na tipificação de terrorismo.
Movimentos Sociais
O
projeto de Lei também pede a supressão do parágrafo que considera que
movimentos socias e reivindicatórios da sociedade civil não devem ser
considerados terrorismo.
“Não
se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de
categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou
reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar,
com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades
constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei”, diz o
parágrafo.
O
projeto também acrescenta à Lei Antiterrorismo o seguinte parágrafo que
enquadra como crime “fazer apologia a pessoas que praticaram atos
terroristas a qualquer pretexto bem como a regimes comunistas”.
Para
a deputada do PCdoB, a supressão desse artigo tira o direito de
manifestação daqueles que se sentem excluídos frente às medidas do atual
governo. “Eles querem que as pessoas que assistem aos seus direitos
serem negados e retirados simplesmente se calem. Isso é típico do
autoritarismo, não tem nada a ver com liberdade de expressão e a luta
por direitos que nosso país tanto merece”, afirma.
Ditadura Militar
Na
justificativa do projeto, o deputado faz referência à repressão aos
comunistas durante a Ditadura Militar (1964-1985). No texto, o deputado
classifica de “canalhas”, os comunistas que lutaram contra o regime
autoritário. “A mentira é o oxigênio desses canalhas travestidos de
idealistas do bem comum”, diz.
Tortura
Ao
falar sobre a prática de tortura pelo regime militar no combate aos
dissidentes, o deputado afirma que “O Estado brasileiro teve de usar
seus recursos para fazer frente a grupos que não admitiam a ordem
vigente”. Em outro trecho afirma que “eventuais excessos” cometidos
pelos militares foram “apurados e punidos como de praxe se faz na
caserna”, diferente do que foi apontado no relatório final da Comissão
Nacional da Verdade.
Lucina
Santos considera que essa é uma postura esperada do deputado Bolsonaro.
“Uma pessoa que defende a tortura não pode se considerar a opinião
sobre qualquer que seja o assunto relativo à condição humana”,
considera.
O
texto ainda trata do guerrilheiro comunista Carlos Marighela,
assassinado pelos militares, como um “fascínora sanguinário” e defende o
torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, elogiado pelo seu pai, o
também deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ), durante a votação do processo
de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos
Deputados.
“Os
mesmos que defendem e exaltam Fidel Castro, Che Guevara, Carlos
Lamarca, Carlos Marighella, dentre outros facínoras sanguinários, são os
que se escandalizam com referências ao Coronel Carlos Alberto brilhante
Ustra”, diz.
Ainda
em sua parte de justificativa, o texto equipara o comunismo ao nazismo e
prega que ambos devem ser combatidos da mesma forma. “O Comunismo é tão
nefasto quanto o Nazismo e, se já reconhecemos em nosso ordenamento
jurídico a objeção ao segundo, devemos também fazê-lo em relação ao
primeiro”.
Leandro Melito, da Agência Brasil Foto: Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
TEXTO 05 – DOSSIÊ DE HISTÓRIA - 22 de maio de
2016.
“A História vai se lembrar”
Ela não nos deixará esquecer que todo o barulho
para mudar tudo foi, no fundo, um movimento para que tudo continuasse igual.
(por Aline Valek). Texto publicado na revisa Carta Capital.
Vou me lembrar dos risos e fogos enquanto as
coisas ruíam. O riso de quem só queria estar certo, não importando quão feio
tivesse que ser o rasgo, ou quanta lambança precisasse ser feita apenas para
que pudesse dizer “chupa” ou “bem feito” para o outro lado.
Vou me lembrar da TV criando seu próprio roteiro
e das pessoas acreditando nele, como se fosse novela, como se fosse propaganda
– em vez de celebridade, foi âncora de jornal vendendo o produto em questão.
Vou me lembrar da sinfonia de panelas
orquestradas para dar força aos planos de alguns poucos, sob o disfarce de
indignação geral. As mesmas panelas que calaram quando eram adolescentes apanhando
da polícia, ou a periferia sendo massacrada, ou a merenda sendo roubada.
Vou me lembrar de quem pediu pelos militares, vou
me lembrar de quem aplaudiu torturador, vou me lembrar dos rostos de quem
agrediu e cuspiu em pessoas que deram o azar de estar com a camisa da cor
errada.
Vou me lembrar dos votos de deputados sendo, sem
nenhuma vergonha, endereçados aos seus parentes, esposas, filhos, como se
dissessem “é por mim mesmo que estou fazendo isso”; mas tudo bem, todos os
pecados serão perdoados, desde que praticados por alguém que defenda a sigla
certa.
Vou me lembrar de um substituto que não poupou
esforços, cartinhas vazadas e articulações nos bastidores para ascender ao
poder sem votos. Vou me lembrar do cheiro de pizza voltando com força, das investigações
voltando para a gaveta e das mulheres voltando para o seu lugar, não no poder,
mas na beleza, no recato e no lar.
Vou me lembrar de que todo o barulho e toda a
confusão para que se mudasse tudo foi, no fundo, movimento para que continuasse
tudo igual.
Vou me lembrar porque a memória deles é fraca,
mas meu nome é História. Hoje me negam, amanhã me repito. Já aconteceu antes.
E, do jeito que continuam a me amassar, me jogar para debaixo do tapete, a se
recusar a olhar na minha cara, vou acontecer de novo. E nem adianta me dar
tchau.
Para melhor entender a crise política
brasileira e descobrir se o processo de impeachment é golpe ou não, proponho um
exercício de lógica. O interesse da lógica é que ela é desafetada, é racional.
Em princípio, a lógica é imune tanto ao ódio, quanto ao amor. A lógica é
indiferente.
“João lê um livro”. Na frase “João lê um livro”, “João” é sujeito, “lê
um livro” é predicado. Isso vale na gramática e vale também na lógica. Na frase
“Joana pedala uma bicicleta”, o sujeito é “Joana”, o predicado é “pedala uma
bicicleta”.
Se digo: “Pedro pedala uma bicicleta”, substituí o sujeito, mas o
predicado permaneceu o mesmo. Podemos, portanto, pensar o sujeito como uma
variável lógica, do tipo: “x pedala uma bicicleta”. Qualquer indivíduo que
pedale uma bicicleta pode ser o indivíduo “x” da frase. A variável “x” pode ser
preenchida por nomes quaisquer, como João, Pedro ou Maria, etc.
Em lógica, podemos também conectar duas sentenças e verificar se as
inferências são válidas. Existem várias maneiras de fazê-lo. Vamos considerar
apenas um caso, a inferência causal. “João tem febre, logo (João) está doente”.
É importante que o sujeito nas duas sentenças seja idêntico, para que a
inferência seja válida. Não posso dizer “João tem febre, logo Pedro está
doente” sem que a relação de causalidade seja infringida. Para o que vem a
seguir, esse tanto de lógica basta.
Considere agora as frases: “Dilma
cometeu pedaladas fiscais”. O sujeito é “Dilma”. Vamos agora conectar duas
sentenças, numa inferência causal pretensamente válida: “Dilma cometeu
pedaladas fiscais, logo deve sofrer o impeachment”.
Nesse caso, temos uma premissa oculta, a premissa de que “pedaladas
fiscais constituem crime de responsabilidade”. A discussão acerca da validade
ou não dessa premissa é uma discussão jurídica complexa, que divide a opinião
dos melhores juristas.
Para não embaralhar demais o problema, vamos considerar,
hipoteticamente, que não haja nenhum golpe em curso, pelo menos não quanto a
esse ponto. Suponhamos, portanto, que essa premissa seja verdadeira, ou seja,
suponhamos que pedaladas fiscais sejam considerados crimes de responsabilidade.
Nesse caso, já que as premissas são verdadeiras e a inferência causal também é,
então a consequência será verdadeira.
Façamos agora um experimento. Todos sabem que, nas diversas vezes que
assumiu interinamente a presidência, Temer assinou decretos conhecidos como
pedaladas fiscais, idênticos aos assinados por Dilma. Consideremos então a
frase “Temer cometeu pedaladas fiscais”. Nesse caso, o sujeito é “Temer”,
embora o predicado permaneça o mesmo.
Se prevalecer a lógica, a consequência inevitável seria exatamente igual
à primeira, ou seja, ele deveria, como qualquer “x”, “sofrer um impeachment”.
Certo? Podemos alongar nosso experimento.
Vamos substituir agora o sujeito da frase acima por “O governador
Alckmin cometeu pedaladas fiscais”. Percebe? O que fizemos foi substituir o
sujeito por uma variável vazia, por um “x” qualquer. Simples assim, né?
Se a frase “x cometeu pedaladas
fiscais, logo x deve sofrer o impeachment” for rigorosamente aplicada, parece
que afastaremos a hipótese do golpe. Se, ao contrário, a frase só for válida se
“x=Dilma”, lamento dizer, mas parece que tem alguma coisa errada.
Todavia, parece que não é bem assim que muita gente pensa. Tem gente,
por exemplo, que aceita a seguinte inferência: “Temer cometeu pedaladas
fiscais, exatamente como Dilma o fez, mas deve, mesmo assim, ser nosso novo
presidente”. Nesse caso, o mínimo que se pode dizer é que, caso o impeachment
de Dilma caiba no figurino legal, previsto na Constituição, mesmo assim ele
seria fruto de um casuísmo, de uma parcialidade. Seria, portanto, injusto.
Vamos considerar outros aspectos. Como disse um político recentemente,
embora o Congresso esteja julgando apenas as pedaladas de Dilma, o que motiva o
impeachment não é apenas isso, mas “o conjunto da obra”. Vá que seja.
Corrupção
Vamos considerar, pois, uma segunda linha de raciocínio, aquela que
envolve denúncias de corrupção, prato predileto das ruas e das panelas. Tomemos
a sentença “Dilma consta na delação premiada de Delcídio como beneficiária de
propina para financiamento de campanha eleitoral”.
Nesse caso, que aliás nem está sendo investigado pelo Congresso, porque
ainda é apenas indício, trata-se de coisa mais grave. Sem sombra de dúvida,
merece apuração rigorosa. E é claro que corruptos confirmados não podem ser
presidentes da República, nem aqui, nem na China.
Mas o que acontece se substituirmos “Dilma” por “x”? Teríamos, pois, a
seguinte frase: “x consta na delação premiada de Delcídio como beneficiário de
propina para financiamento de campanha”.
Então, como, de fato, Temer também foi citado na delação de Delcídio e
também fazia parte da coligação beneficiada com a vitória eleitoral então as
mesmas consequências que valem para Dilma deveriam valer para Temer, certo?
Afinal Temer e Dilma cabem perfeitamente na variável “x”.
É curioso que a imprensa, livre e imparcial, não dê tanto destaque a
esses fatos, preferindo incensar Temer como protagonista do futuro governo da
união nacional.
A crise econômica
Vamos em frente. Uma terceira linha de raciocínio a favor do impeachment
tem a ver com a responsabilidade do governo na crise política e econômica que
estamos vivendo, com crescentes inflação e desemprego, por exemplo. Nesse caso,
poderíamos dizer “O governo Dilma é responsável pela crise financeira e
política do Brasil”.
A frase é logicamente bem construída e parece ser bastante verdadeira
factualmente, embora muitos discordem. Esse caso é um pouquinho diferente dos
casos acima.
Envolve outro tipo de relação lógica, que todos nós conhecemos da
matemática, mais precisamente da teoria dos conjuntos, aquela que nos ensinou
símbolos como “pertence”, “não pertence”, “contém”, “está contido”, lembra?
Sem contar o papel da oposição, da crise internacional e de outros
fatores na deflagração da crise, não custa lembrar que o atual governo do
Brasil é, na verdade, uma coalizão entre PT e PMDB, consubstanciada nos nomes
do presidente e do vice, no caso, Dilma e Temer.
Logo, o governo que “quebrou o Brasil”, como se diz, foi o governo
Dilma-Temer, principalmente tendo em vista que o PMDB é o principal partido da
base aliada. Ou seja, seu apoio determina a possibilidade de uma matéria ser
aprovada ou não no Congresso, o que muitos chamam de “governabilidade”, ao
passo que sua traição determina a impossibilidade de aprovar matérias.
Não podemos esquecer que Temer, presidente do partido até recentemente,
chegou a ser articulador político do governo no Congresso e que o PMDB de Temer
comandava quase o mesmo número de ministérios do que o PT de Dilma.
Logo, a frase “O governo Dilma é responsável pela crise financeira e
política do Brasil” é apenas uma abreviação de “O governo Dilma-Temer, da
coalizão PT-PMDB, é responsável pela crise financeira e política do Brasil”.
Portanto, fica difícil acreditar que Temer e o PMDB, que ocuparam o
centro do poder nos últimos seis anos, possam ser, ao mesmo tempo, o sujeito
“responsável pela crise” e “solução para a crise”. Percebe a contradição? O
mesmo raciocínio vale para o argumento do “projeto de poder”. De quem mesmo?
Em todos esses casos – pedaladas, denúncias de corrupção, crise, projeto
de poder – não há nada, absolutamente nada, que seja válido para Dilma (e para
o PT) e que não seja igualmente válido para Temer (e para o PMDB).
Ou alguém honestamente pensa que existem menos nomes do PMDB acusados de
corrupção ou envolvidos pela Lava-Jato? Curioso que os cartazes nas
manifestações verde-e-amarelas gritem “Fora PT!”, mas não gritem “Fora PMDB!”.
Muitos sustentam que impeachment não
é golpe, porque está previsto na Constituição. Isso é realmente uma condição necessária,
mas não suficiente para descaracterizar o golpe.
Para que a tese do golpe não se confirme seria preciso que a indignação
das ruas contra Dilma e contra o PT pudesse emprestar toda sua energia a uma
campanha contra qualquer “x” que fosse acusado dos mesmos malfeitos.
Para descaracterizar o golpe, seu ódio deveria se dirigir contra a
corrupção, e não contra a corrupção de um “x” não-qualquer. Na atualidade, tudo
indica que corrupção, pedaladas, projetos de poder e crises incomodam, mas
apenas quando “x” é petista. Taí a lista da Odebrecht, que não me deixa mentir.
Em 1933, Franklin Roosevelt tornou célebre a frase “the only thing we
have to fear is… fear itself”. Um poeta anônimo da internet traduziu com
perfeição: “A única coisa que devemos Temer... é o próprio Temer”. Caro amigo,
se você não é golpista, o que esse instante exige é nada temer.
Post-scriptum: Uma réplica comum
ao que se disse acima seria mais ou menos a seguinte: “nada impede de, num
segundo momento, pedirmos também o impeachment de Temer, caso se comprovem
crimes de responsabilidade cometidos por ele. Portanto o impeachment de
Dilma não é golpe”. Realmente, é uma possibilidade lógica. Mas é justamente
esse o ponto.
Alguém pensa, honestamente, que mesmo havendo as mesmas condições
jurídicas (pedaladas, etc) haverá o mesmo clima político, a mesma campanha
midiática e a mesma pressão das ruas? Alguém acha, honestamente, que MBL’s e
Revoltados, semanários e âncoras, editoriais e colunas, adesivos de para-choque
e bonecos infláveis vão pedir a cabeça de x não-quaisquer (incluindo aí
peixes-grandes e tucanato?). Também penso que não. Aliás, não por acaso, o que
estamos assistindo é justamente o contrário: a construção discursiva e
imagética da "solução Temer".
Gilson Iannini é doutor em filosofia
e professor na Universidade Federal de Ouro Preto.
Wagner Moura divulgou
nesta terça-feira (17) um texto no qual critica o fim do Ministério da Cultura
(MinC), uma das primeiras medidas do governo provisório de Michel Temer (PMDB).
Segundo o ator, sua opinião a respeito do tema foi solicitada pelo jornais O
Estado de S. Paulo e Zero Hora.
Leia abaixo o texto na íntegra:
Escrevi essa resposta-texto para jornalistas do
Estado e da Zero Hora que queriam minha opinião sobre a extinção do Minc. O
Zero Hora vai dar. O Estado se recusou.
A extinção do Minc é só a primeira demonstração de
obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo.
O pior ainda está por vir.
Vem aí a pacoteira de desmonte de leis
trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo,
para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.
Começaram transformando a Secretaria de Direitos
Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça.
Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também:
tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada
nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013.
Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais.
Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de
Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de Moraes.
Mas claro, a faxina não estaria completa se não
acabassem com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos
golpistas, era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões
políticas a seu favor (?!!!).
Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a
ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que
os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos.
Os pró-impeachment compraram rapidamente essa
falácia conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis
(criadas no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em
Cultura para o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo.
Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a
extinção “do antro de esquerdopatas”, referindo-se ao Minc. Uma negócio tão
ignóbil que não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a
desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.
Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos
de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso
possa ter sido nocivo para o Brasil?!
Como pensar que o país estará melhor sem a
complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as
manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior?
Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de
contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo.
E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente
que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com
sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a
Cultura da esplanada dos Ministérios… Faz sentido.
Os artistas foram mesmo das maiores forças de
resistência ao golpe. Perdemos feio.
Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil.
Ótimo. Pra que cultura?
Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara,
nos apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na
redação da Veja:
“Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados
pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de
frescura! Viva o Brasil!”
O meme que circula na internet ''Parece que o jogo virou não
é mesmo?!'' é bem apropriado para essa reportagem.
Uma pesquisa realizada pelo 'Data Folha' que será divulgada
na próxima semana, revela que maioria da população mudou de opinião e agora são
contra o impeachment da Presidente Dilma.
A pesquisa entrevistou 19.564 em 21 capitais diferentes e o
Portal Atualizado lhe trás agora os números oficiais da pesquisa.
Cerca de 67% da população é contra o Impeachment da
Presidente Dilma, há 3 meses atrás as pessoas que eram contra a saída de Dilma
não passava dos 20%.
A impopularidade do Presidente em exercício, Michel Temer
chega a 94% dos entrevistados uma rejeição histórica.
17/05/16, 18h02 - SAULO: Supremo Tribunal Federal: Suspenda
a nomeação dos ministros de Temer alvos da Lava-Jato! - Suspendam a nomeação
dos ministros de Temer alvos da Lava-Jato! -
https://secure.avaaz.org/po/petition/Supremo_Tribunal_Federal_Suspendam_a_nomeacao_dos_ministros_de_Temer_alvos_da_LavaJato/?wh=371232
17/05/16, 18h02 - SAULO: Estão afirmando que os direitos
trabalhistas são coisas do passado, e que o trabalhador brasileiro poderia
trabalhar mais. Entendo tal pensamento se, e somente se, um trabalhador
ganhasse realmente o justo, reajustado segundo os patamares internacionais, tal
proposta poderia até fazer sentido, um exemplo para bom entendimento seria:
supondo que um professor na Europa ganhasse 9.000,00 euros por mês, aqui no
Brasil um professor brasileiro ganharia o mesmo valor. Sabemos que essa
igualdade jamais vai acontecer. Portanto, forçar o coitado do trabalhador
brasileiro a trabalhar exaustivamente até os 60 anos de idade ou mais,
acreditando que a previdência não vai quebrar e as contas estarão controladas,
inclusive para o futuro próspero, no meu ponto de vista, acreditar em tal
utopia e voltar para a senzala, e ser escravo de novo. Acabar com a CLT com
tais modificações é destruir a pouca esperança
e qualidade de vida que ainda resta ao pobre trabalhador brasileiro. Pura
maldade Neoliberal! Penso que, combatendo a corrupção, a impunidade e os gastos
com as licitações bilhonárias que só beneficia os Neucoxinhas, a nossa CLT
junto com o trabalhador não precisa ser destruído. Cuidado com os Neucoxinhas!
(PROF. MARCELO fisica 310)
Contra
o processo de impeachment desde o começo , Letícia Sabatella expressou
seu descontentamento com a decisão do Senado de dar prosseguimento ao
processo de afastamento da presidenta Dilma, substituída na última
semana por Michel Temer.
A atriz postou um desabafo no Facebook e criticou o presidente interinoe as pessoas que apoiam o peemedebista.
“O
ódio já fez este Golpe contra todos os direitos dos cidadãos. E aceitar
Michel Temer com menos de 1% de popularidade, simplesmente inelegível,
Michel Temer, responsável pelo pior do Governo, é só pra tolos,
ignorantes, ou mal-intencionados. A Democracia deve ser defendida pelo
povo, sim!”, escreveu em seu perfil.
A
atriz também afirmou que continuará lutando para ajudar a presidenta
Dilma a reassumir o posto em até 180 dias, quando acaba o prazo para que
o Senado realize o julgamento final dos crimes pelos quais Dilma é
acusada.
“Somos
uma tradição de resistentes, querido. Tudo o que está acontecendo hoje
sempre houve e sempre resistimos, sempre existiremos. Nossa árvore é
maior que um partido, nossa raiz nutre-se de pura essência do amor ao
próximo, ao justo, ao impossível para os que têm medo de mudança. Nós
sempre desejaremos a mudança, por isso ela sempre acontece mesmo com
toda a força contrária. Nós somos movidos pela utopia e rechaçamos o
comodismo. Nasceremos e renasceremos a cada morte, a cada traição, a
cada golpe, cada vez mais fortes”, disse a atriz.
Equipe de ‘Aquarius’ protesta contra processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (Getty Images)
Kleber
Mendonça Filho, diretor do filme ‘Aquarius’, e a atriz Sônia Braga
encabeçaram protesto no tapete vermelho do Festival de Cannes contra o
‘golpe’ de Estado que resultou no processo de impeachment contra a
presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e tornou Michel Temer (PMDB)
chefe de Estado interino.
A
manifestação, realizada durante a estreia do longa no evento, contou
com a equipe do filme segurando cartazes com frases em diversos idiomas,
como “O Brasil está passando por um ‘golpe’ de Estado”, “Um ‘golpe’
aconteceu no Brasil” e “54.501.118 votos foram queimados”. Braga,
protagonista do longa, não chegou a segurar nenhum cartaz, mas esteve ao
lado da equipe em apoio à causa.
‘Aquarius’,
única produção da América Latina na disputa pela Palma de Ouro, retrata
a história de Clara, interpretada por Sônia Braga, que tenta resistir à
especulação imobiliária em Recife (PE) e à pressão recebida por alguns
corretores de imóveis para deixar o seu apartamento.
Vale
dizer que o protesto acontece dias após o anúncio do fim do Ministério
da Cultura dentro do governo interino de Temer, que passará a ser parte
da pasta da Educação.