Divulgando...
ROSÁRIO
SER: Repassando
Carta enviada ao Presidente
Lula por ocasião das manifestações de Porto Alegre. Achei importante divulgá-la
agora, diante do recrudescimento das agressões: “Se nos calarmos as pedras
gritarão!”
Leador Machado -Juiz do
Trabalho(leadormachado@gmail.com).
Presidente Lula, hoje sou
juiz do trabalho, mas já fui metalúrgico, especificamente torneiro mecânico,
sua profissão. Entre 1977 e 1979 eu estudava mecânica geral no Senai. Após
terminar o curso, passei a trabalhar como torneiro na Metalúrgica São Jorge, em
Gama-DF. Nesse mesmo período o senhor enfrentava os patrões e a ditadura nas
mobilizações dos trabalhadores no ABC paulista. Recebia informações do
movimento de resistência do ABC através do jornal “O São Paulo” da arquidiocese
dirigida pelo saudoso Dom Paulo Evaristo Arns, pois eu era ativo na Pastoral da
Juventude também.
Vendo tua experiência e tua
luta resolvi ingressar no movimento social e participei da organização de
associações de moradores e do PT da minha cidade, participando de todas as
lutas a partir de então, especialmente da campanha das diretas já, da
constituinte e da sua eufórica campanha de 1989. Percebendo que, tanto na associação
de moradores quanto no partido, sempre que precisávamos de advogado, tinha que
ir atrás de favores, resolvi me preparar para tentar vestibular e fazer curso
de direito. Nessa época já era servidor público, técnico em radiologia.
Terminei o curso em 1993 e trabalhei como advogado Trabalhista e para o PT, na
condição de militante, como advogado nas eleições a partir de 1994. Nesse ano,
Como ganhamos a eleição no DF, trabalhei na câmara legislativa e na direção
secretaria de saúde. Ao perdermos a eleição em 1998 voltei para o cargo
técnico, montei um escritório e foi eleito presidente do PT da minha cidade.
Foram tempos difíceis pois a derrota no governo nos deixou muito fragilizados.
Mas reerguemos o partido. Na sequência, para a eleição seguinte, eu percebia
uma política de alianças que, a meu sentir, não atendia aos princípios
partidários que entendia deveriam prevalecer. Comecei a me afastar, mas ainda
advoguei na tua eleição em 2002. Sai do partido sem ter tido a honra de
conhecê-lo pessoalmente.
Nessa época já tinha
decidido estudar para fazer concurso para juiz. Pensava que se um metalúrgico,
imigrante nordestino, pobre, filhos de gente simples, conseguiu ser presidente
eu conseguiria ser juiz.
O ambiente experimentado era
de liberdade e democracia. As possibilidades se abriram. O acesso à
universidade e aos cargos se fizeram de forma mais transparente. Já não tinha
tanta importância sua origem social. Os preconceitos não eram tantos, ou
estavam adormecidos. Enfrentei alguns mas não tenho dúvida que esse ambiente me
favoreceu. Ingressei na magistratura Trabalhista em 2006 por concurso público e
agradeço-lhe por isso.
O que está transparecendo
hoje é que essa movimentação social não agradou à classe média desse país que
passou a ter mais concorrência e não agradou à elite, pois os trabalhadores já
não sabiam mais onde era o seu lugar e nem quais eram as obrigações. A casa
grande e seus sabujos sentiram-se ameaçados. A mídia oligopólica e golpista fez
o trabalho sujo.
Tenho convicção de que esse
foi o grande crime que cometestes. O resto é pretexto. Não vou comentar as
decisões que te condenaram por que já existem comentários de juristas e
acadêmicos de renome que tornam o meu desnecessário. Mas não precisa ser
jurista para concluir que não tem prova de ato criminoso ou de qualquer relação
de vossa excelência com o imóvel no processo que te condenaram. Uma grande
injustiça está sendo cometida e voltará como um bumerangue em quem o lançou.
Desde a estrada entre Porto
Alegre e Tocantins, para onde me desloquei de moto para participar das
manifestações pela democracia e contra perseguição à vossa excelência, concluo,
Presidente Lula, dizendo que, hoje, tenho muito, mais muito orgulho mesmo, de
ter iniciado minha vida profissional como torneiro mecânico. Já não tenho tanto
orgulho assim, diante do atual comportamento do Poder Judiciário, de estar a
terminando como magistrado.
Me recordo de uma frase que
dissestes uma vez em Brasília: “filho de pobre não tem vocação, vai sendo
aquilo que a vida permite que ele seja”. A vida até agora foi generosa conosco.
Não sei se será tanto com nossos filhos e netos.
Tenho certeza, todavia,
Presidente Lula, que teu martírio importará no surgimento de milhões de Lulas.
Que as forças positivas do universo te protejam e o que o povo brasileiro saiba
demonstrar sua indignação diante desse quadro bárbaro e insano. “Se nos
calarmos, as pedras falarão.” (D. P. Casaldaliga).
Santa Catarina, 30.01.2018
Leador Machado - Juiz do
Trabalho em Araguaína -TO.
leadormachado@gmail.com
Carta escrita por nosso companheiro, ex SERPAJ, hoje juiz do trabalho,
Leador Machado.
Vamos escrever MILHÕES de cartas para o Lula,
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Superintendência Policia
Federal
Para Luiz Inácio Lula da
Silva
R. Profa. Sandália Monzon,
210 - Santa Cândida
Curitiba - PR
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